"É
preciso dar importância à educação profissional"
14/07/2013
Com
o desafio de formar 7,2 milhões profissionais técnicos, até 2015, o Ministério
da Educação tem reunido esforços para atingir metas e melhorar o nível da
educação profissional no país. No bojo do Pronatec,
programas como a expansão dos Institutos Federais e mesmo a criação de uma nova
linha de crédito estudantil, o Fies Empresa, ganham força para impulsionar a
qualificação e sanar o déficit de profissionais qualificados requeridos pelo
mercado. Mais que isso, explica secretário nacional de Educação tecnológica do
MEC, “é preciso dar a educação profissional o seu devido peso e a sua devida
importância, não apenas como meio de acesso a melhores remunerações e trabalho,
mas também como ferramenta de elevação da escolaridade”, defendeu. Em Natal
esta semana, onde participou do seminário Motores do Desenvolvimento, Marcos
Antônio apresentou resultados do Pronatec, falou
sobre a expansão da educação profissional. Confira a entrevista.
A
oferta de cursos profissionalizantes está sendo ampliada, mas a procura ainda é
tímida. Por que isso acontece?
Não,
a procura não é tímida. Muito pelo contrário. Estamos conseguindo cumprir de
maneira bastante exitosa a meta traçada. Até o final do ano temos que oferecer 5 milhões de vagas, e já superamos 3,5 milhões de matrículas
e devemos alcançar essa meta. Do ponto de vista da procura, essa é crescente
pelos cursos do Pronatec, o que há na verdade é uma
necessidade de melhorar
o esforço de mobilização dos candidatos em função das vagas
ofertadas, de modo a ter o menor número de vagas ociosas. A nossa capacidade de
oferta é bem maior, para ter ideia, hoje, no bolsa
formação, temos a meta de 900 mil vagas a serem ofertadas este ano, mas a
capacidade instalada na rede ofertada é de 2 milhões de vagas. Então, quanto
mais conseguirmos mobilizar a ter acesso aos cursos, mais matrículas
poderemos gerar.
Há
falta de informação ou é desinteresse por parte dos egressos da rede pública
pelos cursos técnicos?
Em
primeiro lugar, há a necessidade de valorização crescente de formação
profissional em todo o país . Por muitos anos, ela
ficou relegada a segundo plano e foi tratada com uma
ação para os pobres. É preciso dar a educação profissional o seu devido peso e a
sua devida importância, não apenas como meio de acesso a melhores remunerações
e trabalho, mas também como ferramenta de elevação da
escolaridade e isso vai pesar muito nas escolhas dos próprios jovens. A
hora que perceberem a educação profissional como um caminho de valorização
profissional eles naturalmente buscaram os cursos profissionalizantes, como já
vem buscando. Em segundo lugar, há todo um trabalho a ser feito de divulgação
dessas iniciativas que são muito recentes ainda. Fazemos isso por meio das
secretarias de educação e entidades demandantes, como os
ministérios, hoje temos doze ministérios com quem mantemos parcerias,
mas ainda há um trabalho de divulgação a ser feito. Nesse sentido, o governo
criou um cadastro on-line que permite ao próprio jovem se inscrever nos cursos
do Pronatec (pronatec.mec.gov.br) ou pode solicitar informações sobre futuras
turmas que venham a ser abertas, em pelo menos três cursos de seu interesse e
receber as informações e se inscrever. Vamos lançar uma campanha nacional que
deverá dar maior conhecimento a todos do que já foi feito e o que está por
fazer nos próximos anos.
Os
cursos escolhidos seguem um perfil de cada região ou são universais?
Os
cursos tem que respeitar os critérios estabelecidos no catalogo nacional de
cursos técnicos e no Guia Pronatec de cursos FIC (de
formação inicial continuada). No primeiro, no rol dos cursos de nível médio
temos cerca de 200 cursos cadastrados e nos técnicos, FIC 600 cursos. A oferta
é pactuada entre os parceiros demandantes e ofertantes, a SEEc e o MDS identificam os possíveis beneficiários
em cada região dos cursos e sugerem a oferta, levando em consideração as
características econômicas e sociais locais. Não se trata de ofertar qualquer
curso, mas aqueles que são buscados pelos arranjos produtivos locais, que
tenham relação com essas características.
Em
relação à demanda, quais são as empresas ou instituições que mais procuram os
alunos dos cursos do Pronatec?
São
empresas ligadas às áreas da construção civil, de tecnologia da informação é
grande demanda, no setor sucroalcooleiro que demanda um grande contingente de
pessoas, nos serviços de modo geral. Isso varia em cada região, depende muito
da dinâmica econômica local e a dinâmica de emprego.
Caso
seja atingida a meta de 5 milhões de matrículas, até o
fim do ano haverá, ao final do curso Pronatec,
empregos para todos?
Nós
trabalhamos com a perspectiva de que essas pessoas ampliem suas chances de
colocação no mercado de trabalho. Nós trabalhamos com expectativa que o país
continue crescendo, com a economia aquecida, e gerar novos postos de trabalho.
Não se trata de investimentos a curto prazo. Não é
automática a relação entre
a formação de mão de obra e a inserção no mercado de trabalho. Depende de
outros fatores, desde o comportamento da economia, a performance
desses jovens em relação a essa qualificação até a dinâmica das empresas na
contratação e criação de novos postos de trabalho. Nossas expectativas é que eles melhores suas chances de qualificação e colocação. E
firmamos uma parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego que passará a atua
na intermediação, ou seja, todos os que concluírem os cursos do Pronatec sejam encaminhados para as agencias do Sine, para que possam a ter acesso aos empregos oferecidos
naquela localidade.
Durante
muito tempo, o Brasil priorizou a formação acadêmica. A partir de quando o
Governo visualizou essa mudança de priorizar a formação técnica e
profissionalizante?
Esse
investimento vem desde sendo feito desde 2005. Ele começa com o esforço do
governo Lula na ampliação da rede de institutos federais, de escolas técnicas
no país, e que prossegue com o governo Dilma, e já em 2008 vem o programa
Brasil Profissionalizado e o acordo de gratuidade com o Sistema S, que começa a
vigorar em 2009. nesse ano também teve com a criação
da rede de pólos de educação à distância nesse
período. Um conjunto de políticas vem sendo implementada
que culminaram no Pronatec que estão articuladas
dentro de um programa maior que também incorporou o Bolsa formação. E agora em
2013, terá uma nova forma de financiamento estudantil em nível técnico, o Fies Empresa. São medidas adotadas ao longo dos últimos dez
anos, que se consubstanciam hoje em uma grande política de educação
profissional no âmbito nacional.
Fonte:
http://tribunadonorte.com.br/noticia/e-preciso-dar-importancia-a-educacao-profissional/255553