Coordenação Nacional do ProJovem Urbano visita núcleos no Rio de Janeiro e conversa com o secretário gestor do Programa na cidade

22.05.2009

 

A Coordenação Nacional do ProJovem Urbano esteve no Rio de Janeiro, no começo de maio (dias 6 e 7), para uma visita aos núcleos da capital e do estado. Na ocasião, a equipe reuniu-se com o Secretário Municipal de Assistência Social, Fernando William, sua Subsecretária, Denise de Carvalho, e os coordenadores executivo e pedagógico do ProJovem Urbano no município, Sílvio Machado e Flávio Rego, para tratar do andamento do Programa na capital carioca.

As aulas da primeira entrada do ProJovem Urbano na cidade do Rio de Janeiro começaram em setembro do ano passado com a meta de atender a 9600 alunos. Em janeiro deste ano tomou posse Eduardo Paes, prefeito eleito da capital e novos secretários assumiram a gestão das secretarias na Prefeitura e, consequentemente, a gestão do ProJovem Urbano na cidade.

Fernando William, titular da secretaria gestora do Programa, avalia o ProJovem Urbano na cidade com a nota 6. Ele justifica que tomou conhecimento há pouco tempo e enfrentou vários problemas, como a definição da meta e divergências no cadastro de jovens matriculados.

 

 Secretário e Subsecretária Municipal do Rio de Janeiro

 

Apesar das dificuldades, William observa que houve progresso e afirma que vem trabalhando para resolver todas as pendências e fazer os ajustes necessários para colocar o Programa em ordem. “Nós temos apenas 90 dias de gestão efetiva e considero que avançamos bastante. Nesse período tivemos o carnaval e vários feriados, isso dificultou estabelecer um ritmo de trabalho intenso. Estamos avançando e aprendendo”, disse o Secretário.

A equipe da Coordenação Nacional, acompanhada dos coordenadores municipais, teve a oportunidade de visitar dois núcleos na capital, um no bairro de Irajá e outro em Bonsucesso, e ouviu considerações e reclamações dos jovens em relação ao Programa, como a falta de laboratórios de informática, qualidade da merenda, aulas práticas de Qualificação Profissional e pagamento do auxílio financeiro.

Na ocasião, os coordenadores, que conduziam a visita, aproveitaram para dar esclarecimento aos jovens sobre as aulas e a qualidade do curso e instruí-los para a regularização do cadastro para o recebimento da bolsa auxílio.

A equipe da Coordenação Nacional registrou todos os momentos, observações e falas para posteriormente serem avaliadas e discutidas no aprimoramento da gestão nacional do Programa.

Veja a seguir uma entrevista com Fernando William, Secretário Municipal de Assitência Social do Rio de Janeiro que, acompanhado de Denise de Carvalho, subsecretária, falaram sobre a gestão do Programa na capital.

 

 

ProJovem Urbano - Como o senhor avalia o ProJovem Urbano no município do Rio de Janeiro?

 

Fernando William – Avalio com a nota 6. Tomamos conhecimento do Programa há pouco tempo e já enfrentamos inúmeros problemas, desde a definição da meta até divergências no cadastro de jovens matriculados. As ONGs que estão conduzindo o Programa também tiveram problemas de execução, temos professores que estão sem receber, mas temos o compromisso de resolver todos os problemas e fazer os ajustes necessários.

Outro ponto problemático é a necessidade de readequação do CAEd. Temos muitos problemas com a transferência de alunos. Os coordenadores não conseguem inserir os alunos no sistema e temos jovens freqüentes que simplesmente não existem. É preciso sanar esses problemas.

 

PJU – Há casos de núcleos que estão sem laboratórios de informática. Como está sendo solucionado esse problema?

FW - O ProJovem Urbano atua na rede de escolas do município e tivemos dificuldade de acesso aos laboratórios. Às vezes, as diretoras não permitem que nossos alunos usem os equipamentos ou simplesmente os computadores não existem. Nós estamos em articulação com a Secretaria de Educação para resolver esse problema o mais rápido possível.

 

PJU – Os jovens também questionam as aulas práticas de Qualificação Profissonal.

FW - Nossa intenção é conectar o ProJovem Urbano com outros projetos, como o Banco Carioca de Bolsas de Estudo. O Programa começou errado, mas não precisa prosseguir assim. Esses jovens podem e devem ingressar no Ensino Médio.

Denise de Carvalho - Temos que atuar com outros programas integrados. Aqui na Secretaria de Assistência Social, por exemplo, desenvolvemos uma ação com a Associação Nacional dos Construtores Civis, que trabalha com moradores de abrigo. Sabemos que o jovem carente é um público reativo e avesso a normas, mas essa pode ser uma forma de trabalhar uma política intersetorial de qualidade. Considero que precisamos traçar um modelo que atenda à concepção do Programa, mas com todas as particularidades do Rio de Janeiro. Nós temos jovens com problemas de drogas, dependência química, violência, as milícias. Outra necessidade é a de ter um psicólogo nos núcleos para acompanhar os alunos, seria muito bom.

 

PJU – Como está a mobilização para segunda entrada da capital, prevista para setembro?

 

FW - Nossa expectativa é muito boa. Vamos trabalhar para superar a meta e manter esses jovens. Para essa entrada, vamos fazer uma mobilização comunitária. Nossa idéia é preparar e qualificar esses jovens para que eles se mantenham no programa, façam as avaliações e saiam com o certificado. Considero que é preciso trabalhar com o aluno desde agora, mantê-lo informado desde o começo, explicar dos exames de ciclos e o funcionamento do curso para que eles cheguem até o final. Com a experiência que estamos acumulando será mais fácil conduzir essa entrada.

 

PJU – Como é a relação da Secretaria Municipal de Assistência Social com as outras secretarias em relação ao Programa?

 

FW - Nós já identificamos as escolas da nossa rede que estavam reativas e com problemas com o ProJovem Urbano. Com algumas, já resolvemos as pendências e com outras estamos articulando para sanar as dificuldades. A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro está empenhada e participando. Nós temos apenas 90 dias de gestão efetiva e considero que avançamos bastante. Tivemos o carnaval e vários feriados, isso dificultou estabelecer um ritmo de trabalho intenso, mas estamos avançando e aprendendo.

 

PJU – Como o senhor avalia o desenho pedagógico do ProJovem Urbano?

 

FW - É muito interessante no que trata da escolaridade, a qualificação profissional, o protagonismo e a percepção dos seus direitos. Mas acredito que ainda não fomos capazes de ganhar e conquistar o jovem. Os jovens sempre reclamam que não tem oportunidades e que estão em busca de trabalho. Existe um programa como o ProJovem Urbano que oferece essas possibilidades e da uma bolsa-ajuda. Teoricamente, oferece tudo o que o jovem quer, mas na prática existem muitas dificuldades de atrair e manter esse jovem.

Considero que é preciso envolver as lideranças comunitárias, preparar o jovem com antecedência para que ele seja menos reativo e nós possamos nos articular e buscar soluções. Temos que fazer o jovem vibrar e fazer com que ele entenda a ação como uma conquista. As pessoas estão cansadas de receber favores, não valorizam e não tem compromisso com aquilo que lhes é dado. Temos que fazer entender que esta é uma possibilidade de mudança de vida e que ele não nasceu para ser um cidadão de segunda classe. Temos que trabalhar exatamente isso na cabeça do jovem para uma mudança na forma como ele encara o programa. Nossa idéia é que comecemos a trabalhar dois meses antes da segunda entrada, prevista para setembro, já na formação dos núcleos, preparando o aluno para que ele saiba onde vai estudar e que tenha consciência da oferta para uma vida melhor.

DC - Também acho que podemos mobilizar outros espaços que funcionariam como satélites do núcleo e com isso aumentar a capilaridade de espaços ociosos que podem ser aproveitados. Outra idéia que tivemos é bolar uma premiação para os alunos que concluem o programa.

 

PJU – Os alunos reclamam da dificuldade de transporte e questionam a falta de passe escolar. Existe alguma mobilização por parte da Secretaria para fornecer o Riocard aos jovens do Programa?

 

FW - Fornecer passe escolar para o aluno do ProJovem depende de uma articulação com o Prefeito. E temos uma dificuldade muito grande de apresentar essa proposta, até por que a prefeitura teria que abrir mão desse recurso, ou seja, subsidiar o passe estudantil. Mas os núcleos foram escolhidos justamente por causa da proximidade com as comunidades atendidas, ou seja, o aluno pode ir a pé.

 

PJU – Outro ponto de questionado pelos jovens é sobre a qualidade da merenda, eles pedem comida em vez de lanche industrializado.

DC- Nós dispomos de R$ 0,76 por aluno para fornecer a merenda. Realmente tentamos fazer o possível para barganhar e adquirir o melhor. Estamos estudando incrementar esse valor para melhorar a qualidade da comida, no entanto esse é o valor repassado. Pelo tamanho da cidade e distância dos núcleos, temos que pensar sempre em questões como armazenamento e entrega. Os produtos não podem ser perecíveis. Além disso, temos o problema da violência e do assaltos. As escolas não podem manter o lanche estocados, pois são roubados. Fazer comida é inviável. Não há verba para merendeira.

 

PJU – O que espera do Programa nos próximos meses?

 

FW – Temos um compromisso com a qualidade e com o cumprimento da meta. No Rio de Janeiro é preciso um olhar específico da Assistência Social para a juventude em função da violência, tempo de abandono, dificuldade das escolas. Naturalmente, nessa perspectiva, temos que estabelecer políticas públicas que promovam o aumento da escolaridade e qualifiquem o jovem. E o ProJovem se encaixa perfeitamente nesse modelo.

 

Fonte:

http://www.projovemurbano.gov.br/site/interna.php?p=material&tipo=Noticias&cod=746