Apoio

Ex-alunos trabalham e compartilham experiências nos núcleos do ProJovem Urbano do Recife (PE)

03.02.2009

 

Com a proposta de dar oportunidade aos jovens que se formaram no ProJovem, a Coordenação Municipal do ProJovem Urbano do Recife selecionou e contratou 32 ex-alunos para o cargo de apoio nos núcleos da capital. Nessa função, os jovens auxiliam em trabalhos administrativos, aprendem a redigir documentos, ajudam os professores e fazem a distribuição da merenda. A carga horária é de 40 horas semanais e todos tem carteira de trabalho assinada e demais benefícios trabalhistas.

De acordo com Márcia Charret, coordenadora executiva do ProJovem Urbano do Recife, o problema de vários jovens ao terminar o curso era conseguir um emprego e, como a função de apoio de núcleo se encaixa no perfil dos formados, eles não tiveram dúvida em chamar ex-alunos residentes nas comunidades onde estão instalados os 32 núcleos do Curso para um processo seletivo com entrevista e redação.

“Percebe-se que eles estão gostando muito. Para a maioria, é o primeiro emprego regular da vida deles”, comenta Charret. “Nós procuramos fazer reuniões para avaliar o andamento do trabalho, orientamos e enfatizamos que eles não devem pautar-se pelos vícios dos espaços públicos”, complementa.

Para ela, a missão desses jovens é colaborar com os demais estudantes, já que passaram pelo mesmo caminho. “Eles compartilham as experiências e incentivam. Nós sempre dizemos para que tomem cuidado e não entrem em confronto com ninguém. Eles devem preservar seu trabalho e ajudar os outros”, afirma.

 

 Única da família

 

Maria Helena Pereira, 24 anos, trabalha como apoio na mesma escola onde se formou, no Núcleo E. M. Poeta Paulo Bandeira da Cruz. Ela parou de estudar em 1998, na 5ª Série, quando foi expulsa da escola por mau comportamento. Em 2000 decidiu retornar, mas ficou sem estímulo e parou novamente, dessa vez na 7ª Série.

Em 2006, matriculou-se no ProJovem, gostou do curso e formou-se no ano seguinte. Pouco tempo depois, foi chamada para participar do processo seletivo para trabalhar no ProJovem Urbano, passou e com o salário pagou um supletivo. Recentemente passou no vestibular para o curso de Pedagogia, na UVA – Universidade do Vale do Acarau, e no próximo dia 7 de fevereiro começa o curso superior. “Sou a única da família que vai fazer uma faculdade”, comemora.

“Nunca imaginei que o ProJovem daria essa reviravolta na minha vida”, comenta ela. “Só pensava em terminar a 8ª série e arrumar um emprego. Tenho muito orgulho do que conquistei e tento ajudar os outros da mesma maneira que fui ajudada”, afirma.

Na função de apoio, a ex-aluna tem oportunidade de conversar, trocar experiências, estimular e dar conselhos. “As pessoas às vezes comentam que no ProJovem só tem marginal ou quem não presta, mas eu digo: Fui aluna e essas pessoas não tiveram oportunidade. O ProJovem foi a melhor coisa que me aconteceu e minha vida mudou”, conclui.

 

Espelho

Antonio Carlos Pereira da Silva, 22 anos, do Núcleo E. M. Poeta João Cabral de Melo Neto, depois de muitas idas e vindas, considera que parou no lugar certo para terminar o Ensino Fundamental: o ProJovem. Antes de entrar no curso, Antônio trabalhava em uma empresa de transportes carregando caminhões e enchendo contêineres, o que para ele era muito exaustivo. “A realidade do jovem é essa: ou trabalha ou estuda”, argumenta.

Quem deu a dica do ProJovem foi a irmã, que também fez o curso e lhe falou da bolsa e dos professores. “Optei por estudar. Os professores sempre diziam que era bom aluno, me incentivavam e eu sempre me lembrava deles para querer aprender. O melhor do curso foram as amizades”, assegura.

Trabalhando no ProJovem Urbano e convivendo com os alunos, Antônio comenta que eles o enxergam como um espelho e pedem conselhos. “Eu gosto que eles se identifiquem comigo e me esforço para dar um bom exemplo. Minha mãe sempre acreditou que trabalho para homem era só pegar peso e eu mostrei o contrário. Este ano vou fazer supletivo pela manhã e quero me formar em Educação Física”, planeja.

 

Contribuir ao País

 

Dina Maria de Freitas, 27 anos, apoio do Núcleo Centro Público de Casa Amarela, diz que é muito gratificante trabalhar no curso em que estudou e não esperava que surgisse essa oportunidade. Quando entrou no ProJovem seu único plano era tentar uma capacitação e recuperar um pouco do tempo que perdeu. Dina parou de estudar aos 16 anos, na oitava série. “Gosto de estudar e ler, mas sempre trabalhei como babá ou doméstica. Tenho dois filhos e sempre foi difícil conciliar os estudos”, afirma.

Para Dina, a importância do curso na vida dela foi fundamental. “Nunca tinha mexido em um computador. Quando cheguei às aulas de Telemática disse ao professor que não tinha nenhum conhecimento, ele me ensinou e eu aproveitei a oportunidade”, diz.

Dina diz aos alunos que, para quem quer realmente melhorar de vida é importante adquirir conhecimento e estudar. Entre suas metas estão terminar o Ensino Médio e passar no vestibular. “Quero fazer medicina. A saúde no Brasil é muito carente e tenho vontade de contribuir para isso”, finaliza.

 

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