Gazeta do Povo, 23/06/2004 - Curitiba PR

Voluntários reduzem analfabetismo em 2%

Mais de novecentas pessoas foram beneficiadas pelo Multirão das Letras, que completa um ano

 

O trabalho de voluntários conseguiu diminuir em 2% a população de analfabetos com idade acima de 15 anos em Curitiba, num prazo de um ano. Das 40,2 mil pessoas que não sabiam ler nem escrever, 927 já foram beneficiadas pelo projeto Mutirão das Letras, que está completando seu primeiro ano de existência. A iniciativa da prefeitura une esforços de empresas, cidadãos, organizações não governamentais, associações, igrejas e outras entidades numa rede solidária com 70 parceiros, onde cada um participa como pode, ensinando ou doando material, lanche e até mesmo espaço para que as aulas aconteçam.

 

A idéia de envolver poder público e sociedade no combate ao analfabetismo surgiu depois do Censo 2000. Os dados revelaram que 3,4% da população curitibana não sabia ler e escrever. A partir daí, a prefeitura detectou que principalmente nas áreas de ocupações irregulares da cidade havia verdadeiras aglomerações de pessoas com pouca escolaridade. "Assim surgiu a proposta de unir esforços para criar postos alternativos de alfabetização, com horários específicos para atender esta camada da população", conta a coordenadora do programa Aprender, Elizabete Naizer, da Secretaria Municipal da Educação. Atualmente, 1.219 pessoas estão freqüentando as aulas ministradas em 161 diferentes locais, por 234 professores voluntários. A catadora de papel Tereza Ferreira, 36 anos, é uma das alunas. Para ela, que sentia vergonha por não poder ajudar a filha nas tarefas escolares, aprender a ler significa ser mais independente. "Não sabia o que responder à minha filha, agora vou ganhar mais independência", diz. Para comemorar o primeiro ano de vigência, a prefeitura assinou ontem um convênio com a Associação Paranaense de Supermercados e o Instituto Escola Parananense de Supermercado para a distribuição de 2 mil cestas básicas entre as pessoas que participam do programa. A intenção é estimular a permanência dos alunos no programa, uma vez que muitos deles precisam abandonar as aulas para trabalhar. Os mantimentos ajudam as famílias a se manter durante um mês e o ritmo de trabalho pode ser reduzido, sobrando mais tempo para o estudo. O problema é que o acordo só prevê esta primeira doação e, por isso, a prefeitura estaria buscando mais colaboradores. Os interessados podem entrar em contato com a prefeitura pelo 156 ou direto com a Secretaria de Educação, pelo (041) 350-3022 ou 350-3021.