17/08/2011
Professores substitutos começam a dar aulas para
evitar prejuízo, mas só para alunos do 3º ano. Em assembleia,
categoria mantém greve e volta a levar caos ao trânsito de BH Alunos do 3º ano
do ensino médio da rede estadual que estão fora da sala de aula desde que o
movimento grevista dos professores foi iniciado, em 8
de junho, estão retornando à escola. A volta, que
ocorreu oficialmente ontem, foi possível com a contratação de profissionais
temporários autorizados pelo governo de Minas para substituir os profissionais
optantes pela greve. Até esta terça-feira, pelo menos 2,5 mil docentes haviam
sido designados para ocupar os cargos, que ao todo somam 3,2 mil. A contratação
provisória, no entanto, atende apenas aos estudantes que cursam o último ano do
ensino médio nas 350 instituições impactadas pela interrupção do ano letivo. Em
assembleia ontem, professores mantiveram a greve. De
acordo com a Secretaria de Estado da Educação, a decisão de autorizar a
contratação, em caráter emergencial, teve o objetivo de não comprometer o
desempenho dos alunos que estão prestes a fazer o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) e o vestibular. E mesmo para quem vai ter que frequentar
a escola aos sábados para repor a carga horária perdida, a sensação de voltar à
sala de aula é um alívio. "Essa volta é muito importante, pois perdemos
muito tempo e o Enem conta demais para nós. Em conversas com minhas amigas
percebi que a preocupação era a mesma", conta a estudante Ingrid Talita
Batista da Silva, de 17 anos. Aluna da Escola Estadual Benvinda
de Carvalho, no Bairro Jardim Montanhês, Região Noroeste de Belo Horizonte, ela
retornou para a escola ontem. A jovem, que vai tentar uma vaga no curso
de engenharia química, afirma que retomar o ritmo com novos professores
será um desafio. "No início, será um pouco complicado, pois o ensino pode
ser um diferente do que tínhamos, mas depois todos acabam acompanhando. O
importante agora é estudar muito, inclusive aos sábados."
Outra unidade que retomou as atividades para os alunos do 3º ano foi a Escola
Estadual Maestro Villa Lobos, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de
Belo Horizonte. A volta ao funcionamento normal teve início ontem pela manhã,
depois da contratação de nove professores para atuar nas disciplinas de
matemática, português, filosofia, inglês e história.
Segundo a diretora da instituição de ensino, Heloísa Aguilar, foi grande a
procura pelas vagas. Alguns cargos chegaram a 12 candidatos por vaga, mas
muitos eram professores autorizados – que ainda estão na universidade, mas têm
o direito de ministrar aulas. Na Villa Lobos, só foram chamados profissionais
habilitados (com formação superior).
Na Escola Estadual São José da Escócia, no Bairro São Benedito, em Santa Luzia,
onde estudam 1 mil alunos e cujo turno da manhã está
suspenso há 30 dias, a retomada ocorre hoje. De acordo com a diretora, Eduirges Darc Antônio Costa, nove
profissionais foram designados para atuar com 45 alunos do último ano do ensino
médio. Considerada uma das unidades estaduais com maior público estudantil, a Estadual Estadual Governador
Milton Campos ainda não finalizou as contratações e, por isso, ainda não
abriu seus portões para os cerca de 1.630 alunos que estão afetados pela greve.
O retorno, de acordo com a diretora Maria José Duarte, deve ocorrer no decorrer
da semana. Sobre o movimento grevista, a diretora pondera: “Assisto isso há 25
anos e vejo que o grande prejudicado é o aluno. Sei que o professor ganha mal,
mas os anos passam e a educação não avança no quesito salário”.
IMPASSE Apesar da contratação temporária, a prestação do serviço para o
restante dos alunos depende da negociação entre o governo e a categoria, o que
ainda não tem data para ocorrer. Ontem, em mais um encontro dos trabalhadores
na sede do Ministério Público Estadual, a queda de braço foi mantida. De acordo
com a secretária de Estado da Educação, Ana Lúcia Gazolla,
o sindicato que representa a categoria só aceita a negociação com base no piso
nacional no vencimento básico que, segundo ela, está em extinção. Em greve há
exatos 70 dias (38 dias letivos), os professores reivindicam a adoção da
remuneração com base em um piso salarial de R$ 1.597,87. Esse valor é calculado
pela Central Única dos Trabalhadores em Educação, de acordo com a lei nacional
11.738/08. Porém, o Ministério da Educação (MEC), com base na mesma lei, prevê
que o piso seja de R$ 1.187,00, válido para todo o país. O SindUTE/MG garante que está disposto a negociar com
base no valor proposto pelo MEC, desde que receba uma proposta do governo
sinalizando sobre a adoção do piso.
Estado de Minas