Veja momentos que marcaram o Enem 2012; teve até parto

Mais de 4,1 milhões de pessoas fizeram no último fim de semana, em 1.615 municípios

10/11/2012

   

 

Mais de 4,1 milhões de pessoas fizeram neste fim de semana, em 1.615 municípios, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na maior edição já realizada da prova do Ministério da Educação. No sábado (3) e no domingo (4), elas passaram por uma maratona de 180 questões sobre ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática que somam uma pontuação máxima de 1.000.

Além disso, precisaram redigir um texto dissertativo, também valendo nota 1.000. Um exame de dois dias com tantos candidatos --o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que ele é o "segundo maior concurso do planeta"--, não acontece sem imprevistos. Veja os momentos mais marcantes do Enem 2012:

 

Entrou candidata, saiu mãe

Pâmela de Oliveira Lescano, de 17 anos, entrou em uma escola pública rural de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande (MS), na manhã do domingo (4) para fazer o segundo dia de provas do Enem. Até então, a única dúvida da candidata era o que fazer com a nota do exame, já que ela ainda não decidiu se quer estudar veterinária ou jornalismo.

Porém, antes de entrar em sala para prestar o exame, ela começou a sentir fortes dores e pediu para ir ao banheiro. Lá, instintivamente começou a fazer força até que sentiu a cabeça do bebê. A estudante gritou por socorro e logo foi atendida por uma técnica de enfermagem, que a auxiliou. Minutos depois chegou a ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), que levou mãe e filho para o hospital da cidade. "Foi um grande susto para mim, porque sempre tive a menstruação desregulada e tomava injeções de anticoncepcional", disse.

À tarde, a jovem recebeu uma ligação do ministro Aloizio Mercadante e a garantia de que poderá refazer o Enem nos dias 4 e 5 de dezembro, data em que a prova será aplicada para candidatos em presídios e instituições socioeducativas. O bebê nasceu sadio, com 3,05 quilos, e recebeu o nome de Everton.

 

Fotos em redes sociais elimina 65

Segundo o MEC, 65 candidatos de vários estados que chegaram na hora para o Enem com o documento com foto e uma caneta esferográfica preta foram eliminados porque, depois de receberem o material da prova --e, portanto, após o início dela--, usaram seus smartphones para compartilhar nas redes sociais fotos tiradas dentro da sala de aula, inclusive expondo o cartão-resposta.

No sábado, 37 participantes foram rastreados pela internet e retirados da prova pelo descumprimento do item 12.5 do edital. Apesar disso, no domingo outras 28 pessoas foram excluídas da prova e serão eliminadas do certame. Em 2011, o MEC afirmou que 11 pessoas foram eliminadas nos dois dias da prova por publicarem atualizações em seus perfis no Twitter após as 13h. Para a psicóloga Ana Cássia Maturano, as regras do Enem fazem parte da seleção natural dos candidatos, e alguns deles, depois de passaram o ano se preparando, na hora H puseram tudo a perder.

 

Tentativas de fraudes

Uma estudante foi desclassificada do Enem em Sorocaba (SP) por trocar mensagens de celular com a mãe. Durante mais de uma hora, ela passou o endereço de internet citado em uma questão de português, perguntou o que significa mediana, em matemática, e pediu que a mãe fizesse a redação para ela. A mãe, que nega tê-la ajudado, foi ao local de provas alertar os aplicadores do exame e a filha foi retirada da sala. “Como sei que ela é treineira, não ia fazer diferença se eu ajudasse ou não", disse a mãe.

O MEC ainda registrou uma prisão em flagrante de um homem que fazia a prova do Enem para o amigo. O fato aconteceu no sábado, em Chapada dos Guimarães (MT). O suspeito, de 37 anos, foi flagrado pela Polícia Militar com um documento de identidade falso e em nome de outra pessoa. Segundo a polícia, essa é a terceira vez que ele é flagrado fazendo provas em concurso público em nome de outra pessoa.

 

Acidente faz 150 perderem prova

Uma colisão entre três veículos provocou um longo engarrafamento na Avenida Engenheiro Roberto Freire, Zona Sul de Natal (RN), duas horas antes do início da aplicação das provas do primeiro dia do Enem. Estudantes que seguiam em direção a três pontos de prova ao longo da avenida tiveram que descer dos ônibus e automóveis e seguir correndo para seus respectivos locais de provas. Muitos deles, porém, não conseguiram chegar a tempo. Em um local, pelo menos 150 candidatos encontraram o portão já fechado.

"Meus amigos e eu saímos correndo, para não perder a prova. Mas não deu tempo. É frustrante", afirmou Washington Bezerra, de 25 anos, que planejava concorrer a uma vaga em medicina pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Indignados, os estudantes saíram em passeata e fecharam um dos trechos da avenida. Eles estudavam pedir na Justiça o cancelamento do exame em Natal. O MEC poderá analisar o caso.

Outros casos de candidatos que saíram cedo de casa, mas perderam a prova por causa da quebra de ônibus e acidentes de trânsito também foram registrados em Brasília (DF), Bom Retiro do Sul (RS), Aracaju (SE),

 

Portões fechados

Imprevistos cometidos por terceiros acabaram estragando o Enem de muitos candidatos. Alguns, porém, só tiveram a si mesmos para culpar. Nos dois dias de prova, os portões recém-fechados foram palco de choro, lamentos e reclamações em todo o Brasil. Uma das candidatas atrasadas foi a filha de 16 anos de Simara dos Santos. A garota teria que fazer a prova em Salvador (BA), mas a família chegou tarde demais. Simara explicou que o atraso foi provocado por falta de atenção quando elas estavam na igreja. "Fomos fazer uma oração, e eu perdi a hora", disse.

Em Vilhena (RO), o sonho de Carolina Weiber --ingressar no curso de engenharia de produção agroindustrial-- foi adiado por mais de um ano porque o pai, que a levaria ao local de prova, preferiu assistir à corrida de Fórmula 1 até o fim. O estudante Rodrigo Costa chegou minutos depois do portão fechar, em Santos (SP). Ele afirma que queria fazer o exame para deixar de pagar a faculdade, mas preferiu ir a uma festa no sábado. "Saí ontem e acordei tarde. Aí o ônibus também demorou e eu calculei errado", explicou. Um casal de irmãos que decidiu parar no caminho para comprar uma bebida antes da prova acabou ficando de fora em Florianópolis (SC).

 

Mais velhos encaram 'maratona'

Finalmente conquistar uma vaga no ensino superior --ou tirar a certificação de conclusão do ensino médio--, para mudar de emprego, começar uma nova carreira ou entrar no mercado de trabalho pela primeira vez. São esses os principais motivos indicados pelos candidatos que, à frente dos locais de prova, eram frequentemente confundidos com pais e até avós dos jovens que chegavam para fazer o Enem. O MEC afirmou que mais de 800 mil inscritos na prova deste ano têm mais de 30 anos.

Olga Cezimbra, de 73 anos, fez o Enem 2011 para conseguir um documento de comprovação de conclusão do ensino médio, já que perdeu o diploma do magistério há 20 anos, quando se mudou do sul do Brasil para o Pará. Dessa vez, ela pretende usar a nota do Enem para cursar direito.

"Eu amo escrever. Escrever é a minha vida”, diz a faxineira e poetisa Maria das Dores de Souza Costa, de 63 anos, de Alfenas (MG), que decidiu fazer o Enem para estudar letras. "Não quero ser Ana mulher de não sei quem, mãe de não sei quem, quero trabalhar. Agora que meus filhos estão grandes, é a minha vez", afirmou a dona de casa Ana Virgínia, 42 anos, de Salvador (BA). Conheça ainda as histórias de Augusto Roberto Cocina, de Piracidaba (SP), Olga Cezimbra, de Soure (PA) e Wilson Aguiar, de Fortaleza (CE).

 

Atendimento específico

Rubens de Cássio Reis Marques, de 15 anos, mora em Careaçu (MG), mas fez o Enem em um hospital em Campinas (SP). Como ele faz tratamento para combater um tumor na costela há dez meses e, por isso, parou de frequentar a escola, o MEC permitiu que o jovem fizesse a prova na classe hospitalar em que tem aulas. Mesmo assim, ele foi acompanhado de fiscais e seguiu as mesmas regras dos demais.

O edital do Enem previa atendimento específico para deficientes. É o caso de Laura Roncatto, de 17 anos, que fez a prova em Vilhena (RO). Deficiente visual congênita, Laura fez a prova em uma sala separada dos demais candidatos. Suas questões estavam em braile e ela teve ajuda de uma ledora e um transcritor das respostas. O mesmo atendimento foi dado à massoterapeuta Fátima Maria Barreto, de 58 anos, que é deficiente visual e fez a prova em São Paulo, para tentar uma vaga no curso de jornalismo.

Michelly Maia teve paralisia cerebral na infância e hoje, aos 20 anos, necessita de andador e cadeira de rodas para se locomover. Por isso, a mãe dela requisitou ao MEC uma mesa especial e uma sala de fácil acesso. Ela também teve uma hora a mais para fazer o exame nos dois dias.

 

Fonte:

http://180graus.com/geral/veja-momentos-que-marcaram-o-enem-2012-teve-ate-parto-572337.html