Vazamento
de questões do Enem teria sido maior que o divulgado, diz procurador
12/12/2011
O
procurador da República Oscar Costa Filho afirmou nesta sexta-feira (9) que o
MEC (Ministério da Educação) foi informado pela Polícia Federal que mais alunos
tiveram acesso às questões do pré-teste do Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio) 2011 antes da prova. O ministério já anulou esses itens para 639 alunos
do Colégio Christus, de Fortaleza. Segundo Costa
Filho, os alunos do cursinho também tiveram acesso aos itens. O Inep (Insituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao MEC e responsável pela
aplicação da prova, teria sido comunicado após enviar uma carta à polícia
questionando se havia indícios de que mais gente teria tido acesso às questões.
“O MEC já está sabendo. Os alunos que tiveram acesso não são só
aqueles 639. O próprio delegado informou, os alunos do cursinho do Christus [viram as questões]“, diz.
O
ministério admite que enviou a correspondência à
Polícia Federal há cerca de 15 dias. Questionado o porquê de mandar a carta
tanto tempo depois da anulação dos itens, a assessoria do órgão diz não saber o
motivo. No entanto, o MEC afirma que as informações que recebeu da PF não
seriam suficientes para provocar mais anulações. As respostas dadas pela
polícia, diz o órgão, não seriam “conclusivas”. “A resposta da Polícia Federal manteve o entendimento do INEP de que a anulação
das 14 questões deve ficar restrita ao universo de alunos do Colégio Christus”, afirma o ministério, em nota. No dia 6, a
Procuradoria da República no Ceará enviou um ofício à presidente do Inep, Malvina Tuttman,
recomendando a anulação das 14 questões em todo o país. Tuttman
tem dez dias para se manifestar.
Informações
“privilegiadas” - O MPF (Ministério Público Federal) trabalha com a hipótese de
que funcionários do próprio Inep teriam
deliberadamente colocado no Enem 2011 as questões que estavam
nos pré-testes aplicados no Christus. De
acordo com a procuradora da República Maria Candelária Di Ciero,
há “veementes indícios de que o vazamento do Enem 2011 não se teria consumado
sem a concorrência a informações privilegiadas oriundas de atores e processos
sob responsabilidade do Inep/MEC, o que afasta a
hipótese de um fenômeno que teve início e fim, exclusivamente, no âmbito
local”. Questionado, o MEC afirmou que “vê nenhuma ação deliberada no sentido
de colocar as questões de forma proposital”. (UOL)
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