Maria de Lurdes Valino.
Quem não sabe ler nem escrever pede favor. Até quando?.
01/05/2006
1v. 218p. Mestrado.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO
Orientador(es):
Silvia de Mattos Gasparian Colello
Biblioteca Depositaria: FEUSP
Palavras
- chave:
alfabetização,
Educação de Jovens e Adultos, identidade
Área(s)
do conhecimento: EDUCAÇÃO
Banca
examinadora:
Gladys Agmar Sá Rocha
Dependência
administrativa
Estadual
Resumo
tese/dissertação:
Com base no pressuposto de que o ingresso na escola e um
maior acesso ao mundo letrado são fatores transformadores da identidade, esta
pesquisa teve por objetivo investigar a modificação ocorrida em jovens e
adultos analfabetos, quando em processo de alfabetização, no curso de Educação
de Jovens e Adultos. O corpus é constituído pelos depoimentos de 15 alunos –
com idade entre 16 e 58 anos – de uma turma de alfabetização de um curso
noturno de uma escola da rede particular, no município de São Paulo. Os
depoimentos foram obtidos por entrevistas realizadas em três diferentes
momentos do ano letivo, quando se buscou compreender como o sujeito,
historicamente, se constituiu analfabeto e como lidou internamente com a
auto-imagem e a imagem social negativas: o significado de ser analfabeto; o
desejo e a necessidade de ler e escrever; a expectativa de aprendizagem; o
enfrentamento dos fatores facilitadores e dificultadores;
a expectativa quanto ao curso de Educação de Jovens e Adultos; o ingresso na
escola e o maior acesso ao mundo letrado; as perspectivas de mudança e as
resistências ao processo. A partir da marcante percepção da “falta”, evidente
nos depoimentos, trabalhou-se, nesta dissertação, com a
conceituação da díade analfabeto-analfabetismo, com o conceito de estigma que
envolve o analfabeto e com o conceito de identidade como um processo em
contínua mudança e a possibilidade de crescente transformação qualitativa. Com
base nas referências teóricas fornecidas, principalmente, por Ciampa, Erikson e Goffman, entre outros, os resultados apontam para a
evidência de que a transformação na identidade do jovem e do adulto alfabetizandos se realiza de acordo com a superação
gradativa de dificuldades, o que, na prática, se traduz pela passagem do estado
de analfabeto para o de alfabetizado. Essas transformações estão descritas em
cinco momentos: 1) a percepção da falta; 2) a busca de correção de um defeito;
3) a assunção do papel de estudante; 4) a escrita do próprio nome e 5) a
superação de limites, nem sempre previsíveis – em termos de enfrentamento das dificuldades
relacionadas tanto à aprendizagem da leitura e da escrita quanto ao processo de
se constituir como leitor e escritor num contexto altamente letrado.