Um
novo ensino médio para romper as desigualdades
28/02/2011
A
desigualdade e sua face educacional são fatos, infelizmente, tolerados no
Brasil. No ensino médio, ela toma proporções acentuadas, como pode ser
observado pela análise de resultados de avaliações de desempenho dos
estudantes. De acordo com o relatório "De Olho nas Metas", do
movimento Todos Pela Educação, apenas metade dos jovens de 19 anos têm o ensino
médio concluído. Deles, somente 11% conseguiram aprender o conteúdo mínimo em
matemática, e 29%, em português. Por ser a etapa final da educação básica, o
ensino médio carrega as carências e as ineficiências das etapas anteriores.
Falhas na alfabetização, no acesso à escola, no aprendizado durante o ensino
fundamental e na conclusão das séries têm impactos
preocupantes sobre as estatísticas. Sem enfrentar essas questões não é possível
esperar que os brasileiros tenham acesso a educação de
qualidade. Além disso, o ensino médio sofre com um excesso de disciplinas e há
pouca clareza sobre o que o país espera dos alunos nesse nível. Existem algumas
iniciativas para dar outro rumo à etapa final da educação básica, como o Ensino
Médio Inovador.
Proposto
pelo MEC (Ministério da Educação), em consonância com o CNE (Conselho Nacional
de Educação), ele pretende proporcionar ao estudante uma melhor articulação entre os diferentes saberes, alinhar a teoria à prática e promover atividades que estimulem
o espírito empreendedor dos jovens. É uma tentativa de instigar os alunos a
desenvolver gosto pelos estudos e, ao mesmo tempo, de serem respeitados em sua
diversidade cultural. Nesse cenário, a escola deve prepará-los para a vida e
para que possam romper com as desigualdades sociais, por meio de oportunidades
educacionais, culturais e profissionais. O ensino médio demanda nova
organização das disciplinas e dos conteúdos e requer que eles estejam
articulados com o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. Só assim a
educação poderá cumprir o papel de ser uma política compensatória para as
disparidades do Brasil.
MOZART NEVES RAMOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Folha de São Paulo