Correio Braziliense, 26/02/2003 - Brasília DF

Um ano a mais no nível médio

Secretário de Educação Média e Tecnológica, Antônio Ibañez, quer aumentar para quatro anos o tempo que o estudante deve passar no antigo segundo grau. A ampliação colocaria em prática lei que prevê aulas sobre formação profissional

Lilian Tahan da equipe do Correio

 

Três anos é o tempo que o jovem brasileiro tem para apreender o saber de séculos a partir da Matemática, Física, Química, Biologia, Português, História, Geografia e Artes. A Constituição estabelece que o tempo é suficiente para a conclusão do ensino médio. O Ministério da Educação não entende que essa marca baste para preparar o jovem para a universidade e o mercado de trabalho. Por isso, quer acrescentar mais um ano no ensino médio.

 

A intenção de uma reforma no ensino básico que amplie o tempo de aulas em um ano foi anunciado, ontem, pelo secretário de Educação Média e Tecnológica do Ministério da Educação, Antônio Ibañes.          ‘‘Em um ano conseguiríamos preparar melhor o jovem para o mercado de trabalho. Nem todo mundo que termina o ensino básico consegue cursar uma faculdade. Para esses, a ênfase profissional abriria portas’’, justifica Ibañes.

 

O secretário também defende que a reforma seria usada para colocar em prática as resoluções da Lei de Diretrizes e Bases, de 1996. Segundo elas, as escolas devem reservar 25% do tempo de aulas para trabalhar temas relacionados à formação cidadã e profissional. Em algumas escolas de Brasília, como o Dromos, a determinação do MEC virou oportunidade de iniciação profissional. Nessa escola, os estudantes têm aulas de Primeiros Socorros  e Geo-Política. "Com um ano a mais, poderíamos diluir um universo de conteúdo muito grande para pouco tempo, defende Amábile Pacius, diretora do Dromos.

 

Poucas instituições públicas desenvolveram programas concretos para aproveitar a parte flexível do currículo. ‘‘Para fazermos uma reforma no ensino médio precisaríamos criar um fundo — a exemplo do Fundef que financia o ensino fundamental — para todo o ensino básico’’, diz Ibañes, admitindo a necessidade de investimento para executar sua proposta. O secretário prevê que nas próximas quatro semanas seja instalado um fórum para a discussão das mudanças.