UFRJ quer melhorar ensino médio da rede pública fluminense

17/02/2004 18:33

 

Associar uma política de cotas para alunos provenientes de escolas públicas e afrodescendentes a um projeto de melhoria das escolas públicas do ensino médio no Rio de Janeiro. Esta foi a idéia apresentada hoje, 17, pelo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloísio Teixeira, ao ministro da Educação, Tarso Genro. “Queremos, já neste ano, implantar um projeto-piloto de acompanhamento e avaliação em algumas escolas estaduais do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação”, explicou o reitor. Para Teixeira, este ainda não será o projeto ideal, “mas vamos aperfeiçoá-lo com a continuidade”, afirmou. O número de escolas para a fase experimental ainda será definido em reunião entre representantes da universidade e da Secretaria de Educação.

 

Pelo projeto, a UFRJ dará suporte para a melhoria da qualidade do ensino nas escolas, como qualificação de professores ou mesmo substituição de docentes. “A idéia é apoiar essas escolas, incluindo um número cada vez maior de colégios e envolvendo também as demais universidades públicas do Estado do Rio”, detalhou o reitor.

 

Teixeira acredita que, com o desenvolvimento do trabalho, as escolas privadas também vão querer participar do projeto, que seria uma espécie de Programa de Avaliação Seriada, como funciona na Universidade de Brasília, mas que levasse em conta o desempenho do aluno e a qualidade do ensino da escola que freqüentou. “Esse método também levará em conta a condição social e racial do candidato”, continuou, tendo como meta a diminuição gradativa das vagas oferecidas por vestibular, “porque ele não mede o mérito e o conhecimento do aluno”.

 

Igualdade racial – A proposta de Teixeira contou com o apoio da secretária adjunta Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Maria Inês da Silva Barbosa. “Mesmo o enfoque estando nas escolas públicas, precisamos pensar que a situação da população negra é sempre pior em relação à população branca, ainda que pertençam ao mesmo extrato social”, defendeu.

 

Para o ministro Tarso Genro, a experiência do Rio de Janeiro poderá servir como parâmetro para outros estados brasileiros, se adaptadas às condições locais. Genro lembrou o trabalho, concluído recentemente, sobre a implantação de um sistema de cotas raciais. “O ideal é conseguirmos um tipo de proposta normativa que tenha acolhimento nacional e que não coloque a comunidade negra como alvo de um novo tipo de discriminação”, comentou o ministro.

 

Genro e Teixeira concordam com o fato de que a política inclusiva deve prever ainda mecanismos de permanência desses alunos na universidade, como oferecimento de bolsas de estudo, material didático, alojamentos, entre outros, “principalmente nos cursos mais elitizados e que exigem uma dedicação maior do aluno, como os de Medicina ou Odontologia”, destacou o reitor da UFRJ.

 

Repórter: Beth Almeida

 

FONTE: http://www.mec.gov.br/acs/asp/noticias/noticiasDiaImp.asp?id=5128