> Jornal de Brasília, 12/02/2007 - Brasília DF

Todos fomos reprovados no Enem

Editorial 

 

Os péssimos resultados do último Enem, mostrando uma queda no nível de aprendizagem dos alunos de Ensino Médio do País, não podem nem devem surpreender alguém. Eles são resultados da política, ou melhor, da falta de política pública de governos federal, estaduais e municipais para a Educação. É muito fácil dizer que a educação é prioridade. Difícil é priorizá-la, quando os órgãos fiscalizadores por excelência, como os legislativos, perdem mais tempo debatendo quem vai assumir suas presidências, quantos cargos poderão ser cortados e quais os salários mais apropriados para parlamentares, do que discutindo os verdadeiros problemas do País. Os resultados ficam evidentes quando o governo federal, como foi na primeira gestão Lula, diz que seu foco será o fim do analfabetismo, depois migra para a reforma do Ensino Superior, como se entre esses dois pontos não existisse nada. E de fato, a julgar pelo Enem, não existe nada mesmo. Eles se aprimoram quando professores e dirigentes de instituições de ensino deixam de lado o aspecto de entrega de suas profissões, abrindo mão da sala de aula para atividades burocráticas, porque por essas  se recebe algo a mais. E fazem suas greves pedindo melhores salários e condições de trabalho e suspendem suas greves ao receberem uma miséria a mais de salários e nada de melhor nas condições de trabalho. Os resultados se consolidam quando os pais investem na educação sonhando com os filhos apenas matriculados em instituições de ensino superior, de preferência públicas, onde não se gaste mais com a educação, quando se deveria ver o ensino como investimento, não só para o futuro próspero profissional, mas para o próspero futuro cidadão. Pobre Brasil...