Suspenso ProJovem em São Paulo

12.06.2009

 

O programa de educação atende a quem é maior de idade e não terminou o ensino fundamental e também funciona em outros municípios da grande São Paulo.

            O ProJovem, um programa de educação para quem é maior de idade e não terminou o ensino fundamental, está suspenso, em São Paulo.

Ele funciona em outros municípios da grande São Paulo. Mas na capital, nem os estudantes que terminaram o curso em 2007 receberam o certificado.

O trabalho é de segunda a sábado. Na pequena fábrica de doces, no Jardim Ana Estela, em Carapicuíba, o doceiro Gilvano Lima Viana leva uma rotina puxada.

“A gente chega pela manhã, quebra o coco para poder ralar e começar a fazer as cocadas. Antes das cocadas, a gente faz o doce de leite. Também tem brigadeiro e beijinho. É das 7hs às 17hs”, contou o doceiro.

Depois do trabalho, ele vai a pé para casa. São dois quilômetros até o bairro vizinho, onde é só o tempo de separar o material, se despedir da mulher e da filha e encarar mais uma caminhada até a escola. Já é noite quando a aula começa.

Como aluno do ProJovem, Gilvano tenta recuperar um tempo que perdeu. "Eu comecei a estudar com 11 anos. Parei de 14 para 15 porque não tinha condições. No ano passado, a gente do ProJovem foi ao meu trabalho para ver se tinha alguém que não concluiu a 8ª série ainda. Então, eu me prontifiquei a participar do programa”, contou.

Além do supletivo do ensino fundamental, os alunos também têm aulas técnicas. Gilvano escolheu joalheria.

O programa é voltado para jovens de 18 a 29 anos que não completaram o ensino fundamental, mas sabem ler e escrever. Cada aluno recebe R$ 100 por mês.

O ProJovem é do governo federal, mas é administrado pelos estados e municípios. Nas cidades com menos de 200 mil habitantes o Estado é o responsável. Nas outras, as prefeituras assumem o programa.

“Hoje, temos estudando 450 jovens. Até o dia 1º de julho nós estamos esperando 800 jovens”, contou Marina de Fátima Béia Lemos, coordenadora do ProJovem em Carapicuíba.

Para o próximo semestre serão oferecidas 6,2 mil vagas nas novas turmas do ProJovem em seis cidades do Estado. A capital não aparece na lista. O programa foi suspenso em São Paulo. Os alunos que se formaram ainda não receberam os diplomas.

A manicure Simone Taiz dos Santos faz parte dessa turma. Em 2007 ela terminou o supletivo do ensino fundamental e o curso de hotelaria. Mas até agora nem sinal do certificado. Ela continua com os estudos, mas precisa do documento. “Prometeram um certificado de curso básico de hotelaria e eu também não recebi o certificado”, disse.

Como também não pode provar que fez o curso de hotelaria, não consegue procurar emprego na área. Enquanto isso, Simone continua trabalhando como manicure. “Eu dependo do certificado”, avisou.

Durante dois anos o Ministério Público Federal investigou como estava sendo administrado o ProJovem na capital. Não foi encontrada irregularidade, mas o procurador identificou mau uso do dinheiro público, já que boa parte da verba foi devolvida sem ter sido aplicada no programa.

“A prefeitura não cumpriu o programa do governo federal ao qual havia se obrigado a cumprir, não apresentou nenhuma alternativa e também não renovou o convênio que havia feito com o governo federal”, disse Sérgio Suiama, procurador do Ministério Público Federal.

Onde o ProJovem não foi interrompido e a entrega do certificado não é um problema os alunos fazem planos.

"O que eu espero é um futuro melhor”, concluiu Gilvano.

A Secretaria da Educação da Capital admite que houve um problema. Disse que já identificou os 1,8 mil alunos que devem receber os certificados e se comprometeu a entregar todos num prazo de dois meses.

Para o segundo semestre, na grande São Paulo, as cidades de Guarulhos e Carapicuíba estão com as matrículas abertas para o ProJovem. As vagas são para quem tem entre 18 e 29 anos e não terminou o ensino fundamental.

 

Fonte:

http://sptv.globo.com/Jornalismo/SPTV/0,,MUL1192308-16574,00-SUSPENSO+PROJOVEM+EM+SAO+PAULO.html