Sucesso
do Plano Nacional de Educação depende de maior repasse de verba
31/10/2011
O
aumento do repasse de recursos do governo federal à educação está no centro das
discussões em torno do PNE (Plano Nacional de Educação), que está em análise no
Congresso Nacional. O texto traça metas e diretrizes para os próximos 10 anos
com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no Brasil. Entregue em
dezembro de 2010 ao Legislativo, o projeto de lei ainda está em debate pelos
parlamentares. Projeto semelhante foi aprovado em 2001, também com objetivos e
metas estabelecidos para a década seguinte. O balanço, porém, mostra que os
avanços não aconteceram conforme o esperado.
Uma
das metas era erradicar o analfabetismo do Brasil até 2010. A parcela de
analfabetos no País diminuiu nos últimos anos, mas ainda atinge cerca de 10% da
população. Outro objetivo era garantir o acesso à EJA (Educação de Jovens e
Adultos) para pelo menos metade dos brasileiros que não terminaram o ensino
fundamental. Entretanto, os avanços alcançados foram suficientes para incluir
pouco mais de 30% da faixa de população.
A
falta de recursos é apontada como principal motivo pelo fracasso do primeiro
PNE. “O Plano era bom, mas enfrentou problemas, um
deles o veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao aumento do
repasse, de 5,1% para 7% do PIB (Produto Interno Bruto destinado à Educação”,
avalia Cleuza Repulho, secretária de Educação de São
Bernardo e presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação,
a Undime.
O
percentual de repasse foi apenas um dos pontos do PNE vetados à época. O texto
original previa, ainda, a ampliação do programa Renda Mínima – embrião do Bolsa Família –, expansão do programa de crédito
educativo e a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Superior.
O
novo PNE prevê que o repasse direcionado ao setor passe para, no mínimo, 7% do
PIB. “A grande novidade é que este estipula um aumento do percentual do PIB que
será destinado ao setor educacional. Apesar de muitos defenderem que 10% do
Produto Interno Bruto seja reservado para Educação,
creio que este não seja um valor muito viável. 7% é mais dentro da nossa atual
realidade. Significa um aumento de 40% em relação ao que temos atualmente”,
acredita Cesar Callegari, diretor do SESI e membro do
Conselho Nacional de Educação.
Parte
dos especialistas considera a mudança como insuficiente para dar conta dos
investimentos necessários no setor. “O PNE prevê que a partir de 2016 os alunos
ficarão na escola dos quatro aos 17 anos. A mudança vai exigir investimentos em
infraestrutura, expansão da rede e salário dos
professores. Há a necessidade de aumento de recursos”, defende a secretária de
Educação de São Bernardo. “Acredito que 10% seria o
ideal, mas isso deve ser implantado de forma gradual”, completa Cleuza.
Tiago Oliveira
Fonte:
http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/316774/sucesso-do-pne-depende-de-maior-repasse-de-verba/