Patricia Portela Fernandes de Souza. Entre
o discurso das políticas sociais e as práticas de jovens em um bairro popular
de Salvador: o caso do Alto das Pombas. 01/09/2005
1v. 113p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - CIÊNCIAS SOCIAIS
Orientador(es): Iracema Brandao Guimaraes
Biblioteca Depositaria: FFCH-UFBA
Palavras - chave:
Políticas sociais, Alto das Pombas, Salvador
Área(s) do conhecimento: SOCIOLOGIA
Banca examinadora:
Cecilia Anne McCallum
Dependência administrativa
Federal
Resumo tese/dissertação:
Esta dissertação tem como objetivo compreender as práticas dos jovens morado-res do bairro do Alto das Pombas participantes e não participantes de instituições so-ciais voltadas para o atendimento de jovens de baixa renda de Salvador. A partir da sua relação com a escola, a família e o bairro, comparamos as práticas e as opiniões dos meninos e meninas que estão e não estão envolvidos nos projetos das instituições sociais, sejam elas governamentais ou não-governamentais, para saber se essas políti-cas sociais estariam reelaborando as práticas dos jovens. A pesquisa de campo foi realizada através de entrevistas abertas com jovens moradores do Alto das Pombas, seus pais, professores e líderes comunitários. A análi-se dos dados empíricos demonstrou que, na perspectiva dos jovens participantes de projetos sociais e dos adultos que os apóiam, as instituições sociais fortalecem a auto-estima dos jovens, estimulam o desenvolvimento das suas capacidades e os informam sobre seus direitos e deveres. Quando comparados com os não participantes, em rela-ção aos estudos, parece haver um desenvolvimento do senso de responsabilidade por parte dos jovens participantes e um maior envolvimento nas atividades escolares. Em relação à família, observamos a ampliação do diálogo mas não um acompanhamento mais próximo dos estudos dos filhos. Já na relação dos jovens participantes com o seu bairro, notamos a tendência de haver um maior envolvimento nas lutas do bairro e uma preocupação em transformá-lo em um local com oportunidades de lazer e educa-ção para seus moradores. Constatamos, portanto, o efeito das instituições sociais nos jovens, quando estas os ajudam a reelaborar as práticas a partir do fortalecimento da auto-estima, do estímulo para o estudo e da conscientização em torno dos seus direitos e deveres. En-tretanto, percebemos, que os projetos sociais não são suficientes para promover uma mudança de habitus ou uma reelaboração das práticas sociais dos jovens de forma mais radical e duradoura. A frágil situação econômica das suas famílias, as limitações do ensino público, a falta de oportunidades de lazer e de educação complementar (in-glês, informática, etc) e a frágil infra-estrutura dos bairros onde vivem parecem estar inibindo e/ou restringindo a inclusão social dos jovens das camadas empobrecidas da população. Portanto, por mais que as instituições sociais – e principalmente os jovens - se esforcem, há questões estruturais de iniqüidades que precisam ser enfrentadas com políticas sociais e econômicas de largo alcance.