Sociedade se une para mudar quadro de deficiência no ensino médio latino-americano
26/09/2011

 

O Globo Seja por meio de projetos governamentais e empresariais ou ações de diretores, professores e comunidades, não faltam iniciativas para tentar mudar o quadro de deficiência no ensino médio latino-americano. No Chile, foi criada em 2008 uma subvenção escolar preferencial para escolas que recebem alunos carentes. No Peru, surgiu o grupo Empresarios Por La Educación, composto por 40 companhias e 37 executivos, que nos últimos três anos capacitou 65 mil professores de 4.600 escolas. Em Quito, no Equador, a Secretaria de Educação implementou o chamado Ciclo Básico Acelerado, para garantir a educação básica a jovens de 15 a 21 anos que deixaram de estudar por mais de três anos. Desde 2009, o projeto permitiu a 2.320 adolescentes completar a escola em 11 meses. Na Colômbia, a partir da sociedade civil, foi concebido o projeto Escuela Nueva, para oferecer um ensino básico completo de qualidade, sobretudo nas zonas rurais, onde a evasão é maior. Na Argentina, o projeto Escuelas del Bicentenario reúne MInistério da Educação, secretarias provinciais e universidades para reorganizar currículos e colégios. Depois de quatro anos, nas escolas do projeto a repetência caiu 75%.

Aqui no Brasil são inúmeras as ações de colégios, como a adoção de tempo integral e da figura dos tutores. É o caso da Escola Estadual Maria Vieira Muliterno, em Abreu e Lima (PE), marcada por problemas de infraestrutura típicos de unidades de ensino públicas, mas onde a criatividade fez diferença. Por iniciativa da direção, os 700 alunos têm aulas das 7h30m às 17h. Seus 28 professores fazem cursos de especialização, três têm mestrado, e dois estão concluindo a pós-graduação. Há laboratórios de informática, biologia, química, matemática e física, e a biblioteca dispõe de 2.200 livros. Os alunos vêm de famílias muito carentes, e o bairro, na periferia da cidade, é violento. Mas a escola é segura, e seus muros e paredes estão sempre limpos. - Não tem segredo. É só compartilhar o trabalho e dividir responsabilidades. Preparamos para a cidadania - comenta Miriam Maria da Paz, diretora da escola, educadora há mais de 20 anos. Resultado: o Maria Vieira Muliterno é tido como referência em Pernambuco, a evasão é quase zero, e 34% dos alunos foram aprovados no vestibular. Mais: sua pontuação chegou a 5,39, a maior do Idep, o índice de avaliação estadual similar ao Ideb.

 

O Globo