Jornal de Brasília, 05/12/2005 - Brasília DF

Solidariedade contra o analfabetismo

Estudantes universitários atuam como voluntários em projetos de educação para adultos em todo o Brasil

 

Enquanto algumas pessoas ocupam cadeiras nas faculdades e universidades, uma legião de analfabetos ainda povoa o Brasil. Para ajudar a reverter este quadro, várias instituições de Ensino Superior estão apoiando projetos de alfabetização para jovens e adultos. Os projetos envolvem parcerias entre ONGs, faculdades e universidades, que oferecem o conhecimento gerado por seus alunos e professores como matéria-prima para as aulas. Embora o Brasil figure entre os países com grande número de analfabetos, os dados apontam para uma mudança: o percentual de pessoas alfabetizadas passou de 49% em 1950, para 93% em 2005. Relatório apresentado, em novembro, pela Unesco, destaca como principal fator para essa mudança a expansão da educação pública e também dos programas de educação para adultos.

 

As parcerias criadas entre diversos setores da sociedade para projetos de alfabetização também são destaque. Foram citados os projetos Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), do pedagogo Paulo Freire, Alfabetização Solidária e Brasil Alfabetizado. voluntáriosEles têm uma característica comum. Grande parte de seus voluntários não são professores ou pedagogos, mas sim estudantes, que passam por cursos oferecidos por instituições parceiras. Faculdades e universidades utilizam a estrutura e o conhecimento de seus alunos e professores para ajudar na formação dos novos alfabetizadores.

 

A ONG Alfabetização Solidária, por exemplo, tem várias parcerias em Brasília. A Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Católica são alguns exemplos. O trabalho na UnB começou em 1997. O processo forma alfabetizadores para atuar principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País, e o método adotado segue os princípios defendidos pelo educador Paulo Freire.

 

Visitas Numa primeira etapa, os coordenadores do projeto visitam a comunidade que será atendida, para avaliar características próprias do local e para fazer a seleção das pessoas que vão se tornar alfabetizadores. Essas pessoas vêm a Brasília fazer a primeira parte do curso, que tem duração de 60 horas aula. No curso, os futuros professores aprendem, além dos métodos de alfabetização, noções de cidadania, empreendedorismo e economia solidária. Geralmente, em comunidades carentes, as pessoas selecionadas são líderes comunitários e podem mobilizar a população para realizar outras ações sociais. Quando retornam para suas cidades, os alfabetizadores continuam recebendo apoio pedagógico para tocar os projetos.