Ozias de Jesus Soares. Para além de uma “incubadora de monstrinhos”: A
formação do jovem trabalhador sob a Lei da Aprendizagem. 01/06/2006
1v. 292p. Mestrado.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - EDUCAÇÃO
Orientador(es): Lia Vargas Tiriba
Biblioteca Depositaria: Central do Gragoatá
Palavras - chave: Jovens
trabalhadores - Lei da Aprendizagem
Banca examinadora:
José dos Santos Rodrigues
Luiz
Cavalieri Bazílio
Linha(s) de pesquisa:
O mundo do trabalho e a formação humana Centra-se em temas
vinculados aos fundamentos econômicos, culturais, políticos e sociais do
trabalho e dos processos formativos humanos.
Dependência administrativa: Federal
Resumo tese/dissertação:
O
presente estudo analisa a formação de jovens trabalhadores mediada pela Lei da
Aprendizagem (10.097/00). Buscamos situar historicamente o objeto, tendo em
conta o regime de acumulação flexível e as relações com as atuais políticas de
inserção dos jovens no mundo do trabalho. A pesquisa teve como campo empírico o
programa de aprendizagem denominado “Projeto Mundo do Trabalho”, da organização
não governamental São Martinho, no Rio de Janeiro. Destacamos a ideologia que
reforça o caráter dual da educação brasileira presente em nossos dias,
observando que na sociedade capitalista o trabalho para adolescentes
apresenta-se como disciplinamento, manutenção da
ordem social e, portanto, tomado como preventivo dos males sociais. Ao analisar
as propostas de união entre estudo e trabalho, percebemos que, sob a ótica do
capital o trabalho tem como objetivo uma formação aligeirada e utilitarista,
tendo em vista o mercado. Sob a ótica do trabalho, a perspectiva desta união
seria instrumento para a instauração de novas relações entre trabalho manual e
intelectual, tendo como horizonte - a partir do conhecimento da esfera da
produção e do conhecimento geral - a formação de dirigentes, à constituição do
intelectual de novo tipo. Tecemos considerações sobre a constituição do novo
modelo de Estado de contorno neoliberal, o qual é acompanhado do novo regime de
acumulação. Enfatizamos o papel das chamadas organizações não governamentais na
condução dos programas sociais, em especial, a direção que assumem em sua
maioria, a saber, o alívio da pobreza e a contenção das convulsões sociais.
Dentre as organizações que trabalham com a criança e o adolescente, destacamos
o papel da Associação São Martinho, na condução do programa de aprendizagem
“Mundo do Trabalho”. Pudemos, então, expor a forma como se constituiu, tanto a
instituição como o projeto para adolescentes aprendizes neste contexto. Neste
campo empírico da pesquisa, relacionamos as entrevistas e observações com os
aportes teóricos utilizados. Dialogamos com jovens e profissionais do programa
em tela para perceber que “mundo do trabalho” nos apresentam
os processos educativos e para que “mundo do trabalho” educam os processos
educativos nas empresas e nas instituições. Apesar das contradições entre
capital e trabalho que permeiam as relações entre trabalho e educação nos
processos de aprendizagem, pudemos identificar positividades no programa,
evidentemente, não dadas, mas construídas na práxis diária dos jovens
trabalhadores sob a Lei da Aprendizagem.