Só 6% dos jovens brasileiros fazem curso
profissionalizante
25/02/2014
Apenas
6% dos jovens com idades entre 16 e 24 anos estão matriculados em cursos de
educação profissional, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O
dado, divulgado nesta terça-feira, faz parte de pesquisa encomendada pelo grupo
ao Ibope, que ouviu 2.002 pessoas em 143 municípios.
O
Brasil fica muito abaixo da média registrada em outros países. Nas 34 nações
mais desenvolvidas, a porcentagem de matrículas no ensino técnico entre jovens
de 15 a 24 é de 35%, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
A
pesquisa do Ibope considerou tanto os estudantes que cursam o ensino médio
integrado ao técnico quanto aqueles que fazem apenas o
ensino profissional. Segundo os dados, 44% da população entre 16 e 24 anos
estuda, sendo a maioria no ensino superior (18%) e, em seguida, médio (15%).
A
pesquisa mostra ainda que um em cada quatro brasileiros de todas as idades já
fez curso profissionalizante. As principais razões para que a maioria (75%) da
população nunca tenha feito esse tipo de formação são falta
de tempo para estudar (40%), falta de recursos para pagar (26%) e falta de
interesse (22%).
Apesar
da baixa procura, os cursos técnicos são apontados
pelos entrevistados como uma porta de entrada no mercado de trabalho. Entre os
que optaram pela formação profissional, 61% já trabalharam na área do curso, o
que indica que os conhecimentos adquiridos têm aplicabilidade no mercado de
trabalho.
`Historicamente a educação
profissional não foi prioridade na agenda política do país. Na nossa sociedade,
o sistema educacional era todo voltado para uma lógica academicista, como se
todos os jovens fossem para a universidade. Isso está mudando`, explica o diretor-geral do Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi.
Entre
os entrevistados, 90% acreditam que quem tem formação técnica tem mais chances
de encontrar trabalho do que quem não possui tal graduação; 82% concordam que
os profissionais com certificado de qualificação profissional têm salários
maiores. Segundo a CNI, os resultados do estudo servirão de base para definir a
oferta de vagas do Senai,
que responde por 43% da oferta de cursos técnicos no país, seguido da rede
privada (37%) e da rede pública (20%).
Para
Lucchesi, apesar do crescimento do número de estudantes do ensino superior no
Brasil, 80% dos jovens ainda terminam o ensino básico sem condições ou
interesse em seguir para a universidade. `Eles
precisam ter um caminho para ingressar no mercado de trabalho com uma
profissão. A educação profissional vai ao encontro desse anseio, como, aliás, é
feito nos países desenvolvidos.`
Fonte:
Revista Veja – São
Paulo, SP