JANES TEREZINHA FRAGA SIQUEIRA. A Luta do Jovem Trabalhador e Estudante nas Escolas Estaduais de Porto Alegre/RS - Um Estudo de Caso.. 01/12/2004

 1v. 347p. Doutorado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - EDUCAÇÃO

 Orientador(es): AUGUSTO NIBALDO SILVA TRIVIÑOS

 Biblioteca Depositaria: Biblioteca Setorial de Educação

 

Palavras - chave: condições de trabalho, condições de estudo, significados...

 

 

Área(s) do conhecimento: EDUCAÇÃO

 

Banca examinadora: 

 MARILENE DE OLIVEIRA NUNES

 

Linha(s) de pesquisa: EIXO TEMÁTICO 2: POLÍTICAS DE FORMAÇÃO, POLÍTICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO  Voltado para as políticas que atravessam o campo da educação nas suas mais variadas intencionalidades e nos múltiplos campos do fazer-pensar em que se projeta o ato educativo.

 

 Dependência administrativa

  Federal

 

 Resumo tese/dissertação:

 Este trabalho de tese estuda as condições escolares e, ao mesmo tempo, de trabalho que vivem os jovens do ensino fundamental e médio das escolas públicas estaduais da cidade de Porto Alegre ? RS. Estudamos também os significados que o trabalho tem para esses jovens, para seus pais e para seus professores. Esses estudantes recebem um salário pelo trabalho que realizam no meio porto-alegrense, no qual desenvolvem diversas atividades alheias ao estudo. Nosso interesse era conhecer essa realidade de maneira mais profunda, seguindo a linha de investigação que havíamos iniciado em nossa dissertação de mestrado. Não somente conhecer, mas também, à luz dos resultados, elaborar uma proposta para tratar de melhorar a situação desses jovens, trabalhadores e estudantes. Nossa investigação é de natureza qualitativa. É um estudo de caso desenvolvido e apoiado na dialética materialista. Nossa população e amostra se constituíram de alunos e alunas do ensino fundamental e médio, de professores (as) e de mães desses (as) alunos (as). A coleta de informações se deu, fundamentalmente, através de entrevistas semi-estruturadas. Analisamos também documentos das escolas, as leis de trabalho, bem como as leis ?protetivas? do trabalho dos jovens. Realizamos a revisão de literatura com o objetivo de conhecer os antecedentes do estudo desenvolvido, os estudos que existem sobre jovens, as leis, as políticas públicas estaduais, as políticas públicas nacionais e as políticas mundiais para educação de jovens e adultos. Os resultados que encontramos em nossa tese não desmentem os resultados encontrados em nossa dissertação de mestrado, quando demonstramos que as condições de trabalho condicionam o mundo da educação, levando os jovens que trabalham a enfrentar maiores dificuldades nos estudos. Buscamos investigar, no entanto, além das condições de trabalho e de estudo, os sentidos dados pelos jovens ao trabalho e ao estudo, e os sentidos dados aos mesmos pelas mães desses jovens e por seus professores. Partindo de seus relatos, sobre os diversos aspectos e elementos que constituem as suas condições de trabalho, constatamos que: os jovens trabalham por necessidade; em muitos casos esse trabalho apresenta condições desfavoráveis; os jovens ficam demasiadamente cansados devido à quantidade de horas trabalhadas; o trabalho atrapalha os estudos e o estudo atrapalha o trabalho. Sobre as condições escolares, constatamos que: os jovens permanecem pouco tempo na escola para que o estudo possa contribuir para uma real possibilidade futura que os ajude a negar sua condição de pobreza; as condições materiais da escola e de formação dos professores não correspondem aos desejos dos alunos e tampouco dos professores; as escolas não têm uma política geral que atenda as necessidades dos jovens que trabalham e estudam. Quanto aos sentidos dados ao trabalho, constatamos que os mesmos se formam na consciência dos jovens como algo positivo, pois podem comprar roupas, calçados, materiais escolares, ajudar a família, ir a festas, ao cinema, a um show, fazer amigos. Ressaltam a importância de aprender a se relacionar com as demais pessoas e dizem aprender ?coisas? no trabalho. Sentem-se mais responsáveis e respeitados. O sentido dado ao estudo coloca-o como fundamental enquanto possibilidade de aprender para ter uma profissão, possibilidade de fazer amigos e zoeira (fazer festa), como menos sério que o trabalho e como possibilidade futura. Diante das condições e sentidos encontrados em nossa pesquisa, através do relato dos alunos, professores e mães, pensamos que as condições de realidade de suas vidas, tanto no trabalho como na família e na escola, estão em contradição com o sentido de possibilidade futura almejada por esses jovens. Em nossas conclusões e sugestões, nossas propostas se dirigem a mudar as condições de estudo que dificultam a vida dos (as) jovens que também trabalham. O momento político e econômico em que vivemos, de clima neoliberal onde impera o mercado e reina a mercadoria, torna difícil propor mudanças no trabalho do (da) jovem que também estuda. Por isso, consideramos importante a escola construir uma política geral para os jovens que trabalham e estudam. Uma escola que os ajude a permanecer na escola. Uma escola que construa um Projeto Político Pedagógico específico para os alunos trabalhadores estudantes. Que corresponda a política de EJA discutida nas Conferências Internacionais e nos Fóruns Nacionais que tratam dessa modalidade de ensino.