Francisco Carlos Lopes da Silva. Escola, Educação profissional e trabalho: um estudo de caso a partir de uma unidade de abrigo. 01/11/2000

 1v. 105p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - EDUCAÇÃO

 Orientador(es): Acácia Zeneida Kuenzer

 Biblioteca Depositaria: Biblioteca Central da UFPR

 

Palavras - chave:

 Escola; Educação Profissional; Trabalho

 

 

Área(s) do conhecimento: EDUCAÇÃO

 

 

Banca examinadora: 

 Acácia Zeneida Kuenzer

 

 Maria Stella dos Santos Graciani

 

 Maria de Fátima Quintal de Freitas

 

 

Linha(s) de pesquisa:

 Organização e Gestão dos Processos de Formação Humana  Investigar os processos de formação humana decorrentes das transformações no mundo do trabalho e das relações sociais: concepções, políticas e formas de gestão da educação escolar e não-escolar, na perspectiva da universalização da educação básica.

 

 

Agência(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertação: CAPES - DS

 

 

Dependência administrativa

  Federal

 

 

Resumo tese/dissertação:

Esta pesquisa analisa a relação entre educação e trabalho a partir de uma unidade de abrigo, instituição pública do município de Curitiba, para atendimento a adolescentes. O tema é importante no contexto de erradicação do trabalho infantil e regularização do trabalho do adolescente. O estudo de caso foi realizado com os referenciais do materialismo histórico e dialético, mediante observações e entrevistas semi-estruturadas com adolescentes, educadores, direção, professores, orientadores educacionais das escolas freqüentadas. A partir das categorias "acumulação flexível e neoliberalismo", analisam-se os determinantes da exclusão social e econômica, a educação e trabalho destinados aos adolescentes excluídos. Com base em pesquisa bibliográfica e documental, analisam-se as diversas concepções e instituições destinadas a crianças e adolescentes excluídos, existentes ao longo da história brasileira, tendo como recorte as formas de educação e trabalho. Focaliza-se o Abrigo no contexto das políticas de assistência à criança e ao adolescente. Discute-se à luz da concepção marxista de trabalho a relação entre educação e trabalho tendo como base as experiências dos atores envolvidos. Investigam-se a escola, educação profissional e o trabalho, vivido pelos adolescentes. Constata-se que, no âmbito interno do Abrigo assume um referencial pedagógico crítico com base na experiência de Makarenko, educador soviético; sendo assim, o trabalho educativo ali desenvolvido toma a organização do coletivo, na sua dinâmica interna em pequenos grupos, a escola e o trabalho como pontos fundamentais da sua ação. Conclui-se que a ação ali desenvolvida encerra possibilidades de mudanças, ampliação da educação dos beneficiados, além de inovar, quando acompanha por iniciativa original os desligados maiores de dezoito anos. Por outro lado, a institucionalização e o afastamento familiar continuam sendo as formas de enfrentamento da exclusão. Analisam-se as contradições entre a proposta oficial do abrigo e a realidade vivida em outros espaços pelos adolescentes. A escolarização é reforçada pelo Abrigo, mas quando no espaço real da escola contraditoriamente é de baixa qualidade e desvinculada da vida do adolescente. Os vínculos entre trabalho e educação estão distorcidos, de forma que a escola não se articula com as experiências de trabalho dos adolescentes. A educação profissional em instituições destinadas a esse fim é deficiente e preparadora para postos de trabalho manuais desqualificados. O trabalho como office-boy e jornaleiro não profissionaliza, assume a função de estratégia de sobrevivência, onde educativo é suprimido pelo produtivo prevalecendo a exploração, contratos de trabalhos flexíveis, baixa remuneração, exposição a riscos, doenças, baixo nível de aprendizagem no local de trabalho, além da precariedade da formação recebida para ocupar os postos de trabalhos; por outro lado, a força de trabalho do adolescente é orgânica à acumulação do capital. Questiona-se a iniciação profissional a cargo do setor privado intermediado por programas governamentais sem garantias de uma profissionalização, que configura um processo de aprendizagem das normas de submissão do capital e formação da mão-de-obra para postos de trabalho desqualificados. Recomenda-se uma política estatal que supere o assistencialismo, assegure os direitos básicos, retome o vínculo entre educação e trabalho e uma política de profissionalização na qual o educativo prevaleça sobre o produtivo