Sepe luta contra fechamento de turmas
07/12/2011
"Com
o Governo do Estado fechando as turmas do ensino fundamental e transferindo
para as prefeituras a responsabilidade de administrá-las, as escolas municipais
correm o risco de ser privatizadas". Foi com essa denúncia que a
coordenadora do Sepe (Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação do Rio de Janeiro) de Volta Redonda, Maria das Dores
Mota, a Dodora, resumiu o motivo que levou a classe a
protestar, hoje (7), em frente à sede da coordenadoria regional do Médio Paraíba II, no bairro São João.
O movimento reuniu, ainda, representantes
dos núcleos do Sepe de Barra Mansa/Rio Claro e
Resende. Segundo documento emitido pela entidade no local da manifestação, o
Governo do Estado estaria fechando turmas inteiras, do 5º ao 9º ano do ensino
fundamental, sob a alegação de que a gestão desses módulos é da alçada do poder
público municipal - informação confirmada pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional).
De
acordo com o panfleto do sindicato, no Sul Fluminense, unidades de vários
municípios já estariam sendo afetadas com as mudanças. Por exemplo, em Volta Redonda, na Escola Estadual Acácia Amarela, no bairro Jardim
Belmonte, não serão abertas mais turmas para a primeira fase do ensino
fundamental. Já no estabelecimento de ensino da Vila Brasília as matrículas
para o sexto ano teriam sido suspensas.
Na
opinião de Dodora, a educação pública está sendo
punida "em nome dos interesses dos ricos".
- Como o Brasil está
utilizando quase 40% da arrecadação para quitar a dívida interna, tem que
sobrar dinheiro para injetar nesse rombo e em outros setores. Sendo assim, a
saída que o governo encontra é tirar fundos dos serviços públicos, diminuindo,
principalmente, os investimentos em educação - abordou.
- O governo federal
está privatizando suas universidades para enxugar o orçamento de gastos com
educação. Para conseguir o mesmo efeito, o governo estadual está fechando
turmas, sem pensar nas consequências que isso pode
causar à comunidade escolar, tanto de pais quanto de alunos e professores. Até
os grupos de EJA (Educação de Jovens e Adultos) do ensino fundamental estão
sendo cancelados. É um escândalo o que está acontecendo - acrescentou.
A
sindicalista explicou por que a ideia da privatização
de escolas municipais está sendo ventilada entre os professores.
- Para onde vão os
alunos do sexto ano do fundamental, que estudavam nas escolas estaduais de Volta Redonda e de todo estado fluminense?
Essas crianças serão transferidas para a rede municipal de educação, que já
estão com suas escolas sucateadas. Daí, acontecerá a
super lotação das turmas, com 45 estudantes aglomerados numa única sala. É
claro que as prefeituras não darão conta disso e acabarão privatizando suas
unidades - ponderou.
- Um escândalo é uma
nação que os governantes dizem estar em desenvolvimento tratar desse jeito a
educação. Pra quem é esse progresso? Sem dúvidas, não é para os pobres nem para
os trabalhadores - concluiu.
‘Colégio
Estadual Vila Maria, em Barra Mansa, corre risco de fechar', denunciam
manifestantes
No
protesto de ontem, os manifestantes de Barra Mansa demonstraram-se preocupados,
principalmente, com a situação da Escola Estadual Vila Maria, localizada no
bairro de mesmo nome. A professora Simone Cristina Tancredo, que leciona na
unidade, contou o que está acontecendo por lá.
- O Governo do Estado
tem a intenção de fechar todas as nossas turmas do ensino fundamental. A ordem
já veio, o que nos revoltou muito, porque, com o cancelamento dessas classes, a
escola ficará com poucos alunos para o ensino médio. Então, nada impede que,
daqui a algum tempo, a unidade feche as portas. Se isso acontecer, como ficarão
os pais e alunos que dependem dela? E nós, professores? Fechar uma escola de
bairro é ridículo - disparou.
O
diretor do Sepe Barra Mansa/Rio Claro, Pedro Ney Maximiano Alves, destacou outros problemas que o fechamento
de turmas em escolas estaduais está causando.
- Os professores estão
sem saber para onde vão. O estado diz que não tem obrigação de custear o ensino
fundamental e sabemos disso. No entanto, nada impede que ele continue
administrando esses grupos. Então, os educadores ficam desnorteados, já que,
quando um colégio fecha, eles podem ser transferidos para qualquer unidade da
coordenadoria, o que demandaria uma série de mudanças em suas vidas. Há casos
de professores que ficaram com dez tempos numa escola e dois em outra, distante
- argumentou.
O
DIÁRIO DO VALE tentou entrar em contato com a diretora pedagógica da
coordenadoria regional do Médio Paraíba II, Rita
Silveira, mas ela não foi encontrada para comentar o caso. Segundo a secretaria
do órgão, Rita viajou, ontem, para a capital fluminense, onde se reuniria com o
secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, bem
com outros líderes da pasta.
Volta Redonda/Barra
Mansa
Fonte: