Sem
o piso, professor de Porto Velho enfrenta 'estrutura precária'
16 de dezembro de 2011
Professor
da rede municipal de Porto Velho há 12 anos, Francisco Fialis
Diniz, 34 anos, sabe que as dificuldades enfrentadas por um educador vão além
dos baixos salários. A capital de Rondônia paga R$ 1.027,34 como vencimento
básico por 40h semanais, valor inferior ao piso nacional do magistério, de R$
1.187. Mas para Diniz, o problema do ensino na cidade passa ainda pela falta de
estrutura mínima para as aulas.
"Na
minha escola não tem quadra de esportes, não tem pátio. As condições do prédio
são ruins, as salas são quentes, apertadas, a estrutura é precária", conta
o professor ao destacar que poucos colégios têm laboratório de informática e
biblioteca. Segundo ele, o problema reflete no desempenho dos estudantes.
"Eu começo o ano com 35 alunos por turma e termino com 10, no máximo 15 alunos",
afirma ao dizer que falta motivação, principalmente entre as turmas de educação
de jovens e adultos (EJA).
Graduado
em Letras, Diniz dá aulas de inglês para turmas de quinta a oitava séries em uma escola da periferia de Porto Velho. Ele faz
uma jornada de seis horas por dia, chega à escola às 17h e só sai às 23h.
"O maior desafio é dar aula para pessoas que trabalham duro o dia inteiro
e que não têm uma motivação para estar em uma sala quente e apertada. A maioria
é funcionário das usinas, pessoas de fora, principalmente do Nordeste, que vem
tentar uma vida melhor aqui", conta.
A
construção de usinas hidrelétricas no rio Madeira - usina de Santo Antônio e de
Jirau -, que trouxeram milhares de trabalhadores de outros Estados para
Rondônia, ampliaram os problemas do ensino básico na
capital. "A grande dificuldade é que Porto Velho recebeu essas usinas sem
estar preparada para isso. E a contrapartida dos investimentos é muito
lenta", afirma. Para Diniz, o "sonho" do desenvolvimento
impulsionado pelas obras não chegaram até a educação. "Não sei se um dia chegarão", completa.
'Não
dá para viver com o salário de professor'
Sobre
o salário dos professores de Porto Velho, Diniz afirma que não dá para viver
bem com a renda de R$ 1,6 mil (salário básico) que
recebe por mês. "Como eu tenho a graduação, o salário é um pouco maior.
Mas mesmo assim é pouco. Tenho uma filha de 11 anos e ainda preciso pagar
pensão", diz o professor, que é separado da mulher e atualmente mora com
mãe. "O prefeito garantiu que teremos um reajuste, mas, se isso não se
confirmar, podemos começar o ano letivo (de 2012) com greve nas escolas",
completa o educador.
O
que diz a prefeitura
Segundo
a secretaria de Educação de Porto Velho, um parecer da procuradoria do
município do dia 10 de novembro deste ano determinou que todos os professores serão enquadrados na lei do Piso Nacional a
partir de dezembro deste ano. Assim, nenhum professor vai receber menos que R$
1.187, valor determinado pela lei.
Angela
Chagas
Fonte: