Estado de Minas, 07/04/2003 - Belo
Horizonte MG
Sem definir padrão brasileiro
O Enem é outro instrumento que, apesar do nome, não é capaz de definir o padrão do ensino médio brasileiro. A prova é por adesão e, alguns casos, o estudante precisa pagar R$ 30 para participar. O número de adeptos ao Enem vem crescendo velozmente, impulsionado pelo fato de cerca de 500 instituições de ensino superior utilizarem os seus resultados em substituição ao tradicional vestibular. Apesar de os dados gerais apontarem para o fato de os secundaristas brasileiros serem praticamente analfabetos científicos ao final da escolarização básica, incluindo os alunos da rede privada, o que, provavelmente, é um retrato próximo ao da realidade brasileira, a mostra de participantes no exame não obedece a critérios estatísticos, para que ela seja considerada um quadro nacional. Em algumas regiões do País, como o Distrito Federal, simplesmente não há participantes no exame.
Mas o maior problema está relacionado ao Saeb e ao Censo Escolar da Educação Básica, instrumentos bem consolidados que produzem dados relevantes que, entretanto, não orientam as políticas. É como se a avaliação, por si só, fosse suficiente para mudar a qualidade da educação, o que não é verdade. A avaliação diz onde está o problema. Mas a partir daí, é preciso intervir. Essa é a parte que não tem sido feita , critica Otaviano Helene. Segundo ele, o novo governo está disposto a corrigir a falha da gestão anterior, embora não tenha antecipado quais serão as primeiras ações. O governo Lula defende um sistema educacional comprometido com o País. Vamos usar os resultados das avaliações para tomar decisões nesse sentido , finalizou.