Seleção para
cerca de 40 universidades, Enem lembra o 'unificado' dos anos 80
29/10/2011
Na gramática do Ministério da Educação (MEC), o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) é sinônimo de fim do vestibular e democratização do acesso ao ensino
superior. Em entrevista ao GLOBO, em abril de 2009, o ministro Fernando Haddad
profetizou que 2010 seria o marco do término das seleções tradicionais. Mas as
cenas do último fim de semana, quando foi realizado o Enem para 4 milhões de candidatos de todo o país, fizeram muita gente
relembrar o extinto vestibular unificado da Cesgranrio, que marcou a vida dos
adolescentes do estado entre 1972 e 1987. Multidões em locais de prova,
nervosismo dos candidatos e mil e uma táticas contra cola são algumas das
imagens que vêm do passado. - É como se fosse um ciclo na nossa vida. O Enem é
como o vestibular unificado, só que aprimorado. Na época, era um vestibular de
múltipla escolha, com uma redação, e que exigia macetes e decoreba. A nota
valia para entrar em universidades públicas e privadas. Hoje o exame trabalha
mais com habilidades e competências e o programa das disciplinas é menor, mas a
pressão é a mesma - lembra Rui Alves, diretor de ensino do Colégio e Curso pH, que criou uma disciplina específica para o exame,
chamada "Matemática Enem".
O vestibular unificado da Cesgranrio, mesmo consórcio responsável hoje pelo
Enem, era a única forma de ingresso nas universidades públicas do Estado do
Rio. Por isso mesmo, sua importância era grande. Assim
como o Enem, a prova era de múltipla escolha, bem diferente dos exames
discursivos que marcaram os vestibulares isolados, especialmente o da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que adotou integralmente o Enem
este ano. Especialistas concordam que a pressão em torno das provas é a mesma,
ainda que tenham magnitudes distintas: na sua última edição, o unificado teve
79 mil inscritos, contra 5,3 milhões no Enem. Apesar de os conteúdos cobrados e
a forma como são exigidos serem bem diferentes, os candidatos estão jogando em uma prova boa parte de suas chances de
chegar ao ensino superior.
Leonardo Cazes RIO
O Globo - Rio de Janeiro RJ