SCARDUA, Martha Paiva. Educadoras populares e EJA :
saberes, formação e trabalho pedagógico. 2006.
Orientador: Lúcia Maria Gonçalves de Resende
Local: Brasília/DF
Link: http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=371
Assunto:
1. Educação - Brasil
2. Educação popular
3. Educação de pessoas jovens e adultas
4. Práxis
5. Organização do trabalho pedagógico
6. Formação de professor
Resumo:
A presente pesquisa tem como objetivo estudar a relação que sete educadoras populares do Distrito Federal construíram entre um curso de formação continuada - Roda de Leitura com Paulo Freire e a organização do trabalho pedagógico no espaço educativo onde atuam. Para tanto, busquei: 1) analisar como se deu a construção da identidade da educadora popular alfabetizadora de pessoas jovens e adultas no Brasil e, em particular, no Distrito Federal; 2) identificar o atual cenário da educação de pessoas jovens e adultas no contexto brasileiro e, mais especificamente, no Distrito Federal; 3) analisar as contribuições e desafios do referido curso de formação para as educadoras populares; 4) analisar a organização do trabalho pedagógico das educadoras populares, à luz das suas trajetórias de vida, articuladas aos princípios teórico-metodológicos trabalhados no curso de formação. O procedimento metodológico adotado constituiu-se em pesquisa participante, buscando aproximar senso comum e conhecimento científico, através da construção de um espaço de contribuição mútua. Esse arcabouço metodológico permitiu aproximar ensino, pesquisa e extensão, através da realização de um curso de extensão que propiciou um mergulho mais profundo das educadoras populares no espaço de atuação e a relação deste com os princípios trabalhados no curso. Alguns achados merecem destaque, como: a identidade das educadoras populares é influenciada pelo contexto histórico-cultural que vivenciaram e que hoje vivenciam, ou seja, sua trajetória de vida, seu habitus. Em decorrência, as relações estabelecidas durante o processo de formação constituem-se em processos de elaborações, constatações, decepções, dificuldades e conquistas que se constroem ao longo do tempo. O movimento práxico realizado favoreceu a sistematização de reflexões que indicam a importância da rigorosidade metódica para a prática pedagógica das educadoras, dificuldade decorrente de uma relação pouco disciplinada destas com o tempo. O planejamento foi um desafio comum e a prática do registro, muito embora sendo usual para algumas educadoras, também se destacou como um ponto fraco durante o processo de pesquisa. Foi possível, ainda, relacionar algumas fragilidades de expressão oral e escrita das educadoras com suas experiências escolares, o que apontou para a responsabilidade da escola no que diz respeito à construção da relação do sujeito com a escrita e a oralidade. Por outro lado, o diálogo revelou-se como elemento presente na relação entre educadoras e alunos, muito embora, um desafio no Roda de Leitura com Paulo Freire, em decorrência das relações de poder estabelecidas entre as entidades populares participantes deste curso. Como último destaque, tais entidades apresentaram-se como um lócus fundamental para a formação das educadoras populares. Mesmo tendo como desafio a necessidade de organização mais sistematizada do espaço de formação, a investigação indicou que a educação popular está mais próxima de superar as contradições nela presentes do que a escola regular, visto não ter as amarras burocráticas e políticas desta última na organização do trabalho pedagógico. Nesse sentido, é importante o diálogo entre a educação popular e a educação formal para a emancipação do projeto políticopedagógica de ambas.