São Carlos entra na luta contra o
analfabetismo
11/06/2003 17:47
A cidade de São Carlos (SP) está integrada à luta contra o analfabetismo. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, o secretário extraordinário nacional de erradicação do Analfabetismo, João Luiz Homem de Carvalho, e o prefeito Newton Lima Neto assinam hoje, dia 11, protocolo de intenções para alfabetizar jovens e adultos.
Ao mesmo tempo em que se projeta como excepcional centro de produção científica e tecnológica, que abriga um grande parque industrial e esbanja prosperidade – renda per capita próxima de R$ 8 mil –, São Carlos apresenta um índice de 5,6% de analfabetismo, o que corresponde a 8.267 pessoas com 15 anos ou mais, segundo o Censo 2000 do IBGE.
“Este é um exemplo das disparidades em nosso País. Num mesmo município, temos uma parcela da população que domina a vanguarda do conhecimento, enquanto outra é composta por pessoas que nem sequer sabem ler e escrever. Nossa missão é aproximar estes dois mundos. Sem isso não há cidadania”, diz João Luiz Homem de Carvalho.
O protocolo de intenções com a Prefeitura de São Carlos é mais uma das parcerias firmadas pela Secretaria Extraordinária Nacional de Erradicação do Analfabetismo (Seea/MEC) como parte do programa Brasil Alfabetizado, que prevê a abolição do analfabetismo no Brasil até 2006.
Mobilização – A decisão do Governo Federal de abolir o analfabetismo em quatro anos mobiliza governos estaduais, prefeituras, organizações não-governamentais, empresas, organismos internacionais e milhares de entidades civis de todo o Brasil. O esforço prevê a alfabetização de quase 20 milhões de jovens e adultos a partir de 15 anos.
“Esta é uma meta que o poder público sozinho não seria capaz de atingir. Por isso, estamos criando uma verdadeira corrente de solidariedade, envolvendo todos os setores da sociedade brasileira”, afirma João Luiz, ao explicar a importância das parcerias.
Criado há pouco mais de três meses, o programa Brasil Alfabetizado está viabilizando a capacitação de 56 mil professores e a alfabetização de 1,4 milhão de jovens e adultos em todo o País. Até agora, entre convênios firmados e projetos em fase final de aprovação, 23 instituições estão trabalhando em parceria com o MEC em programas de alfabetização.
A meta para 2003 é alfabetizar três milhões de pessoas. Em 2004, serão seis milhões. O mesmo número é previsto para 2005. Em 2006, mais cinco milhões.
Como funciona – Para garantir a alfabetização de 20 milhões de pessoas em quatro anos, a Seea trabalha em conjunto com estados, municípios, organizações não-governamentais empresas e instituições civis, como sindicatos, associações de bairro e entidades religiosas com experiência em alfabetização.
Os convênios firmados pela Seea prevêem o repasse de recursos às instituições, que ficam responsáveis pela infra-estrutura necessária ao ensino (material didático e pedagógico, salas de aula, transporte, alimentação etc.), pela formação dos alfabetizadores e pela alfabetização dos alunos.
Para se tornar parceira do Brasil Alfabetizado, a instituição deve apresentar projeto que especifique desde a metodologia pedagógica adotada até a definição do número de alfabetizadores a serem capacitados e o número de alunos a serem alfabetizados. As instituições também devem se credenciar junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) para receber os recursos destinados à execução do projeto.
Para 2003, a Seea deve desembolsar R$ 278 milhões. Cada instituição de ensino recebe R$ 20,00 por alfabetizador capacitado e R$ 15,00 por mês por aluno em sala de aula para remuneração dos professores.
Motivação – Uma das exigências da Seaa é que os projetos de alfabetização assegurem aos alunos alfabetizados a capacidade de ler, produzir e interpretar textos e de realizar as operações básicas de Matemática. Além disso, os alunos devem receber informações sobre cidadania e ser motivados a continuar os estudos.
“Não queremos formar analfabetos funcionais”, explica João Luiz. Segundo o secretário, o Brasil Alfabetizado prevê ações complementares. Uma delas é a motivação para que, após a alfabetização, os alunos se matriculem em escolas de ensino fundamental, na modalidade Educação de jovens e adultos.
O MEC criou, também, o Programa de Leituração, destinado a estimular o hábito da leitura entre os recém-alfabetizados. Em maio, a Seaa lançou a coleção É só Começo de livros de literatura brasileira e mundial. São obras adaptadas ou escritas em linguagem simples, própria para adultos que estão desenvolvendo o gosto pela leitura.
Na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, foram apresentadas as primeiras três obras literárias da coleção: Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e Garibaldi e Manuela: uma História de Amor, de Josué Guimarães.
No ano que vem, deverá ser implementado o projeto Mala do Livro, que consiste em montar bibliotecas domésticas na casa de voluntários para utilização da comunidade. “Nossa idéia é montar cem mil minibibliotecas dessas no Brasil”, disse João Luiz. Ele lembra que continua em estudo projeto de lei para inclusão de livros na cesta básica. Com essas medidas, o Governo pretende acompanhar o aprendizado e dar assistência ao aluno alfabetizado.
Repórter: Helenise Brant
FONTE: http://www.mec.gov.br/acs/asp/noticias/noticiasDiaImp.asp?id=3720