'Sabemos
exatamente o que ocorreu', diz Haddad sobre Enem
28/10/2011
Segundo ministro, agora só falta a PF identificar o
autor da apropriação indevida de questões do pré-teste do exame
O
ministro da Educação, Fernando Haddad, voltou a dizer nesta sexta-feira que
houve apropriação indevida de questões do caderno do pré-teste do Enem no
Ceará. Ele esteve na Câmara de Vereadores de São Paulo para compromissos de sua
pré-candidatura à Prefeitura da capital paulista. Haddad afirmou que o MEC está
em contato permanente com a Polícia Federal e que a investigação segue em
sigilo. “Está tudo mais avançado que o que sabíamos na segunda-feira. Sabemos
exatamente o que ocorreu. Agora é uma questão de identificar o autor”, disse.
Segundo ele, alguns alunos já procuraram voluntariamente a PF para dar
depoimentos.
O
ministro ainda citou o Scholastic Assessment Test (SAT), prova para ingresso em
universidades norte-americanas no qual o Enem foi inspirado, afirmando que ela é aplicada nos Estados Unidos e
também fora dele. Ele lembrou que alunos foram indiciados por fraude no SAT e
que mais de mil testes do exame dos EUA são anulados por ano. “Tem que haver da
parte dos educadores a compreensão da importância da lisura dos procedimentos.
E mais do que isso: é muito difícil uma violência contra o Enem
não ser apurada”, afirmou. “As pessoas vão se dar conta de que não vale
a pena fazer isso - não só por razões morais e éticas, mas sobretudo porque não
vão se beneficiar de um ato delituoso, já que sempre vai se chegar em quem atentou
contra o exame.”
Sobre
o fato de os alunos do Colégio Christus, de Fortaleza, terem de fazer o Enem
novamente, Haddad afirmou que há duas teses. “Há a tese do procurador (Oscar Costa Filho, do MPF no Ceará) de que
as questões devem ser anuladas para todo o Brasil. A nossa tese é adotar o
mesmo procedimento que sempre adotamos nessas circunstâncias, que é reaplicar a
prova para os afetados – prejudicados ou beneficiados – para que as condições
de igualdade sejam resgatadas.” Haddad ainda afirmou que o MEC remeteu ao
Congresso uma mudança no código penal que agrava penas
envolvendo concursos públicos e processos seletivos. A matéria já foi
aprovada pela Câmara e deve ser avaliada pelo Senado nas próximas semanas.
“Isso vai coibir ações como essa”, disse ele que não acredita que a
credibilidade do Enem foi afetada com esse novo problema.
Mariana Mandelli
O Estado de São Paulo - São Paulo SP