> Diário Catarinense, 04/09/2006 - Florianópolis SC
Rumos do Enem
Juarez Rigon/ Presidente da Campanha Nacional
das Escolas Cenecistas em SC
No dia 27 de agosto, 3,7 milhões de jovens em 800 municípios do país passaram pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Um número recorde de participações, alavancado pelo caráter do exame, que serve como ingresso na graduação e no Programa Universidade para Todos (ProUni). Ferramenta para avaliação, o Enem revela algumas deficiências e sucessos, pois permite medir o desempenho educacional por região. No entanto, está longe de ser uma radiografia do ensino médio brasileiro, pois há outros fatores que devem ser considerados. O primeiro deles é que há escolas particulares preparando os alunos para a avaliação. Conseguem, dessa forma, reverter em marketing um instrumento que deveria ser balizador da qualidade das instituições.
Na outra ponta, como todas as formas de verificação por provas, o resultado não representa, necessariamente, o desempenho geral dos alunos, mesmo porque a participação é voluntária. Além disso, um estudante pode alcançar 10 em matemática e cinco em português, gerando uma média diferenciada, e nem por isso a instituição é deficiente no seu processo educacional, como o resultado do exame evidencia. Nota-se também casos de instituições precárias, que não recebem investimentos em estrutura há anos, com um corpo docente com salários baixos e sem acesso a cursos de reciclagem e capacitação. É natural apresentarem resultados insatisfatórios se comparados à média nacional. Avaliar uma ponta do processo - o corpo discente, no caso - pode aprimorar as escolas, mas se faz necessária uma avaliação institucional in loco e permanente. Por essas e outras, o Enem não deveria ser o único instrumento para alcançar a qualificação, embora sirva como uma trilha para conhecermos o ensino no país.