Reunidos
em Curitiba, sem-terrinha pedem melhorias no ensino em assentamentos
31/10/2011
Nos
300 assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no
Paraná, existem 146 escolas que atendem 12 mil alunos. “Isso é a metade da
nossa necessidade”, diz a coordenadora de Educação do MST, Sandra Scheerer.
Segundo ela, algumas escolas funcionam há mais de 20
anos em antigos e precários barracões que eram sedes de fazendas. A maioria
carece de infraestrutura – não há telefones e poços artesianos, por exemplo.
Para a coordenadora, esse é um dos motivos dos altos índices de evasão escolar
nos assentamentos. Apenas 22 escolas oferecem até o ensino médio. De acordo com
Sandra, em vários assentamentos, o ensino é garantido apenas até o 5º ano (ou
4ª série), e, com isso, muitos alunos desistem de estudar. Entre os que
continuam matriculados, é alto o nível de reprovação devido às faltas, frequentes em alguns locais de
difícil acesso.
Há
também escolas itinerantes que atendem as comunidades. No Paraná, são dez
unidades, onde estão matriculados 1,2 mil estudantes. Para a coordenadora, o
número é muito baixo para atender à demanda. Para discutir os problemas
referentes à educação no campo, cerca de 2,5 mil
crianças e adolescentes, filhos de agricultores, estão em Curitiba, onde
participam do 9º Encontro dos Sem Terrinha do MST e do 1º Festival de Artes das
Escolas de Assentamentos da Reforma Agrária do Paraná. Até a próxima
quarta-feira (2), eles vão trocar experiências e debater o tema desta edição do
encontro, que é Por uma Escola do Campo e Alimentos sem Agrotóxicos.
As
estudantes Ana Paula de Souza, 16 anos, e
Karina Aparecida, 15 anos, fazem parte do grupo. Elas são do acampamento
Companheiro Keno, de Jacarezinho. A escola de Ana Paula fica na fazenda onde
ela mora. A estudante reclama da má qualidade do ensino e se mostra solidária
com a colega, que mora em outra fazenda do acampamento, distante cerca de 3 quilômetros. “Nos dias em que chove, ficamos em casa. A
estrada não é asfaltada. Nem os professores conseguem chegar lá”, contou Karina
à Agencia Brasil. Para um dos organizadores do
encontro, Levi de Souza, é preciso difundir a cultura no campo e “quebrar o
estereótipo” de atraso que muitas vezes é associado ao ambiente rural. Os
estudantes vão fazer apresentações artísticas, mostrar suas produções e trocar
experiências, destacou Levi. (Agência Brasil)
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