Relatório
do PNE determina triplicação das matrículas em cursos técnicos em dez anos
05/12/2011
Além
de ampliar de 7% para 8% do Produto Interno Bruto (PIB) a meta de investimento
público em educação, o relatório do Plano Nacional de Educação (PNE), apresentado
hoje (5), altera outros pontos do texto original enviado pelo Executivo ao
Congresso Nacional. O PNE estabelece 20 metas educacionais que devem ser
alcançadas pelo país no prazo de dez anos. As alterações mais significativas
feitas pelo relator da matéria, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), se referem a
metas de acesso ao ensino técnico e profissionalizante, redução das taxas de
reprovação no ensino fundamental e aumento das matrículas nas universidades
públicas. Na proposta original, a meta número 11 determinava a duplicação das
matrículas de educação profissional, mas o texto do relator fala em triplicar o
número de estudantes nesta etapa.
Já
a meta número 11 propunha o aumento da matrícula no ensino superior para 33% da
população de 18 a 24, mas o relatório acrescenta que 40% desses estudantes
deverão estar nas instituições públicas de ensino superior. Hoje o segmento
privado responde por 75% das matrículas deste nível de ensino. Quase todas as
propostas que compunham o projeto original do Executivo não tinham metas
intermediárias que permitissem um acompanhamento do cumprimento do plano. O
relator criou esses referenciais intermediários para quase todas as metas,
menos para a que trata de investimento. O texto fala em ampliar os recursos em
educação até atingir 8% do PIB, mas não indica como deve ser feita essa
progressão. “Isso significa que o governo não tem comprometimento com o
investimento, isso pode ficar para o próximo governo decidir em 2014”, critica
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. A
entidade articulou a apresentação da maioria das emendas que o projeto do PNE
recebeu. Cara avalia que a principal deficiência do plano é não repartir as
responsabilidades para o cumprimento das metas entre os três níveis de governo:
municípios, estados e União. O plano determina o
aumento dos recursos, mas não diz de onde eles vão sair.
“Com
8%, 10% ou 12% do PIB, o plano fica muito frágil se ele não estabelecer as
responsabilidades de cada ente federativo. O relatório não coloca nenhuma
responsabilidade nessa conta para a União e os orçamentos dos estados e
municípios não têm condições de bancar o plano”. Hoje a União responde por
cerca de 20% dos recursos aplicados em educação e o restante é repartido entre
estados e municípios. Boa parte das 3 mil emendas
apresentadas ao projeto de lei pediam
a alteração do patamar de investimento para 10% do PIB. O índice também é
defendido por outras entidades como a União Nacional dos Estudantes e a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), além do Conselho
Nacional de Educação (CNE). Estudos coordenados pela Campanha Nacional pela
Educação e outros especialistas em financiamento educacional indicavam que esse
patamar seria o mínimo suficiente para cumprir as metas previstas no PNE.
Agora,
os deputados membros da comissão especial criada para avaliar a matéria deverão
apresentar novas emendas para elevar o índice estabelecido pelo relator. “Para
nós, 10% do PIB não é uma bandeira. É um cálculo”, defendeu Cara. Nas últimas
semanas, Vanhoni cancelou a apresentação do relatório diversas vezes e a
comissão tem um calendário de trabalho apertado para aprovar a matéria ainda em
2011. A partir de hoje, abre-se o prazo de cinco sessões para que os
parlamentares apresentem novas emendas ao texto. Caso seja feito algum pedido
de vista poderá não haver tempo hábil para votar o plano antes do início do
recesso parlamentar, marcado para 22 de dezembro. O antigo PNE terminou em
dezembro de 2010 e no momento não há nenhum plano em vigor.
Da Agência Brasil
Correio Braziliense -
Brasília DF