Projovem Campo atrai estudantes da rede pública

Estudantes do Ensino Fundamental de Ibaretama estão entusiasmados com o Projovem Campo

23/11/2010

 

Ibaretama. As atividades desenvolvidas pela equipe do Projovem Campo, neste Município, estão indo muito além das expectativas. Agora, além do entusiasmo dos alunos do programa federal com a própria terra e a conclusão do Ensino Fundamental, os estudantes da rede pública estão aderindo à formação especial. Pelo menos uma vez por mês os 4,2 mil alunos, do 5° ao 8°, matriculados nas 26 escolas espalhadas pela sede e zona rural, vão aprender noções básicas sobre o meio ambiente. Vão participar das aulas de campo dirigidas às turmas do programa especial.

De acordo com o secretário de Educação de Ibaretama, professor Humberto Maia de Queiroz, os resultados obtidos pela equipe multidisciplinar do Projovem Campo, principalmente nas aulas de campo realizadas no entorno das comunidades, despertou o interesse dos mais jovens. O educador enfatizou a possibilidade de incluir no próximo ano a disciplina de educação ambiental no currículo escolar municipal. A experiência com os professores e aprendizes mais velhos funcionará como um estímulo ao modelo orientado pelo MEC.

Segundo Queiroz, Ibaretama resolveu aderir ao programa executado pelo Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc) e Prefeituras, porque além de beneficiar quem não teve a oportunidade de concluir o Ensino Fundamental a proposta está contribuindo para mudar a mentalidade de quem ainda insiste nas queimadas. Como as aulas são ao ar livre, todos podem participar. O Município colabora fornecendo transporte escolar e orientação dos professores.

 

Localidades

A primeira localidade beneficiada com o projeto foi Pedra e Cal, situada a 26km da sede do Município. Considerado líder daquela comunidade, o agricultor e vereador José Maria Cunha, mais conhecido por "Bebé", concorda com o secretário de Educação. A vegetação da Serra Azul, uma das principais riquezas geográficas daquela área, está sofrendo com a prática de queimadas contínuas. A fauna está sendo dizimada pela caça ilegal. Mudar a mentalidade dos mais de dois mil moradores não é fácil. "A educação é a última alternativa para salvá-la", estima o agricultor.

 

Montanha

Bebé se refere aos 3 mil hectares da 14ª formação montanhosa mais alta do Ceará. Ele cita cálculos apontados pelo técnico agrícola Ednaldo Calixto como exemplo: mais de 40% da flora e 70% da fauna foram devastadas pela ação do homem. Mesmo assim, a serra resiste. Ainda existem cajueiros, mangueiras e outras árvores frondosas. Algumas fontes naturais de água, conhecidas como "olho d´água", continuam brotando. Durante algum tempo, os moradores tinham água encanada dessas nascentes.

Também foi delas que professores e estudantes saciaram a sede antes da aula de campo. Após uma breve caminhada, se reuniram para ouvir atentos as orientações de Ednaldo Calixto. No começo as palavras assustaram um pouco, confessou a aluna do 4º ano, Victoria Nascimento da Silva. Afinal, nunca havia ouvido falar em sistemas agroflorestais, permacultura, agricultura orgânica e agricultura natural. No entanto, no fim da aula entendeu melhor a mensagem: é preciso respeitar a natureza. Não há motivo para continuarem queimando tudo.

Do ponto de vista do orientador técnico, os principais motivos das realizações das queimadas são a falta de assistência técnica. É preciso oferecer alternativas para o homem no campo explorar o meio rural sem agredi-lo. A pecuária leva os proprietários a desmatarem para produzir forragem. Sem orientação não procuram fazer bancos de forragem, alternativa como plantio de palma, mandacaru e outras espécies. "A rotação de culturas é uma ação de suma importância para manutenção de um bom solo. Esse tipo de prática não existe no meio rural, embora seja tão simples de fazer", acrescenta ele.

Desmatamento

Conforme o técnico educador, o processo de desmatamento é acentuado. A degradação pode ser observada a olho nu. Estando no topo da Serra Azul é possível constatar pelo menos 50% de devastação ambiental. A produção de carvão clandestino é um dos principais problemas.

Na opinião dele, é necessário buscar alternativas sustentáveis para os agricultores o mais rápido possível. Caso contrário, em um futuro bem próximo, a mata nativa do Município de Ibaretama terá sumido. As aulas de campo são apenas o começo para reversão do quadro desolador da área.

Enquete

Por que as aulas são importantes?

"Ninguém nasce sabendo a importância da a natureza. Com a educação ambiental, formamos nova geração, mais justa"

Humberto de Queiroz

Secretário de Educação de Ibaretama

 

"Com lições assim as crianças poderão ensinar aos mais velhos o quanto é importante respeitar o meio ambiente"

José Maria Cunha

Líder comunitário de Pedra e Cal

 

"A gente escuta falar como é importante respeitar a natureza. Se essa missão está nas minhas mãos preciso aprender melhor"

Victória Nascimento da Cunha

Aluna do 4° ano

 

"Queria que meus pais estivessem aqui agora. Ao lado da natureza, eles iam entender direitinho essa lição"

Francisco Cildenes Matos Filho

Aluno do 5° ano

MAIS INFORMAÇÕES

Instituto de Desenvolvimento do Trabalho/ Projovem Campo - (85) 3101.5500/ Secretaria de Educação de Ibaretama: (88) 3439.1055

Alex Pimentel

Colaborador

Fonte:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=889518