Projeto torna pré e ensino médio obrigatórios
Governo federal pretende aprovar no Congresso ainda neste
semestre projeto que estende período de ensino obrigatório. Estão fora da
escola cerca de 3,5 milhões de crianças e jovens das faixas etárias que são alvo
da mudança -de 4 a 5 anos e de 15 a 17 anos
Folha de São Paulo, 07/02/2009 - São Paulo SP
FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação prepara um projeto para tornar obrigatórios a partir de 2010 a pré-escola (crianças de quatro e cinco anos) e o ensino médio (15 a 17). Hoje, cerca de 3,5 milhões de crianças e jovens nessas faixas etárias estão fora da escola. A intenção da União é que o atendimento total dessa população ocorra em até sete anos. A proposta tem de ser aprovada pelo Congresso. Hoje, apenas o ensino fundamental (6 a 14 anos) é obrigatório no Brasil. A obrigatoriedade faz com que o prefeito ou o governador possa ser cassado caso não ofereça as vagas (por crime de responsabilidade). Os pais, caso não matriculem os filhos, podem perder a guarda e ser condenados a penas como prestação de serviços (enquadramento no "abandono intelectual" do Código Penal). Segundo dados do IBGE, 29,9% das crianças de quatro e cinco anos estão fora da escola (1,7 milhão). Entre os jovens de 15 a 17, são 17,9% (1,8 milhão).
Segundo nota técnica da assessoria de estudos do MEC, ações recentes do governo como o Fundeb (novo fundo de financiamento da educação) e a ampliação do ensino fundamental (de oito para nove anos) "não garantem a oferta suficiente de vagas ou a continuidade dos estudantes na escola". Esses dados foram apresentados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deu o aval à ampliação da obrigatoriedade há 15 dias. "Os dados mostram que quem não tem acesso à escola é a população mais pobre", disse o ministro Fernando Haddad (Educação). O MEC agora negocia com Estados e municípios, responsáveis diretos pela matrícula. À União cabe a coordenação. O governo pretende enviar ao Congresso e aprovar o projeto ainda neste semestre. Um dos pontos analisados é o prazo para que todas as crianças e jovens nessas faixas estejam na escola. Segundo Haddad, a ideia é que, para o ensino médio, o prazo seja entre cinco e sete anos. Para o infantil, deverá ser menor. Ainda não há custo definido, mas Haddad diz que haverá investimento do governo federal.