> Folha de São Paulo, 05/12/2006 - São Paulo SP

Programa contra analfabetismo enfrenta evasão e baixa freqüência

20% deixam o curso antes de terminá-lo; um terço falta de 2 a 3 vezes por semana

Luciana Constantino da Sucursal de Brasília

LUCIANA CONSTANTINO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA 

 

Lançado em 2003 com a meta de erradicar o analfabetismo de jovens e adultos no país, o Brasil Alfabetizado tem registrado problemas com a evasão e a baixa freqüência às aulas. Cerca de 20% dos estudantes deixam o curso antes de terminá-lo. Além disso, um terço falta de duas a três vezes por semana às aulas. Como o curso tem duração de oito meses, as faltas acabam comprometendo o aprendizado. Segundo o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Ricardo Henriques, a evasão não é "inesperada" quando comparada a outros programas desse tipo. Ele destaca que não é possível

 comparar essa taxa ao ensino regular, em que a evasão do ensino fundamental e médio estava em 6,9% e 9,6%, respectivamente, em 2004. Em relação à freqüência, porém, o secretário diz que o resultado "chama a atenção". "Nota-se a vontade do aluno de ficar [no curso], mas a dificuldade para ficar. Temos que fazer ajustes para mantê-los."

 

Continuidade - O secretário diz que uma das preocupações do governo é que jovens e adultos recém-alfabetizados possam continuar os estudos. De acordo com dados do Ministério da Educação, cerca de 153 mil pessoas alfabetizadas continuaram a estudar. Ontem, pela

 primeira vez, o MEC divulgou resultados da avaliação do Brasil Alfabetizado durante o seminário Diferentes Diferenças, que acontece até sexta-feira em Brasília. A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) deste ano já havia apontado que o analfabetismo está caindo em ritmo mais lento. Em 2002, a taxa era de 11,8% e o número total de analfabetos com mais de 15 anos de idade ficava em 14,8 milhões. Três anos depois, a taxa caiu para 10,9% e o número se reduziu em apenas 213 mil. Este ano, estão previstos cerca de R$ 217,1 milhões para o programa, que já atendeu a cerca de 7,3 milhões de pessoas.