Presidente do Inep propõe `Enem light` para aluno do 1º ano do ensino médio

23/08/2012

 

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, propôs ontem a aplicação de um Enem ao fim do 1.º ano do ensino médio. A proposta foi feita no encerramento do seminário Acesso ao Ensino Superior no Brasil e nos EUA: Enem e o SAT, em Brasília.

`Um Enem que não vale nota (para entrar na universidade), mas que depois a escola receba informações sobre o desempenho do estudante que possam induzir políticas de melhora`, explicou Costa, após o evento.

O presidente do Inep observou que a discussão foi apenas lançada e o assunto será mais discutido dentro do Inep e do Ministério da Educação (MEC). `É um debate acadêmico que precisa ser feito.` O `Enem light` seguiria o mesmo formato do tradicional, mas teria apenas fins pedagógicos, com adesão voluntária. Serviria, segundo Costa, como um `raio X` do 1.º ano do ensino médio, quando se registram as maiores taxas de reprovação.

`Pode ser um exame importante para ter um diagnóstico já no 1.º ano. Temos de ver do ponto de vista orçamentário as nossas possibilidades, mas isso será debatido, sim`, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. `O Enem é a grande motivação no ensino médio.`

A proposta de ampliação do exame foi feita um dia após o ministro confirmar que o governo quer mudar a fórmula de cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio, trocando a Prova Brasil pelo Enem. Para Mercadante, o Enem é um `termômetro` mais adequado.

SAT. Costa discutiu ontem o acesso ao ensino superior no Brasil e nos Estados Unidos com diretores do College Board, associação integrada por cerca de 6 mil instituições americanas que, entre outras funções, realiza o Scholastic Assessment Test (SAT), teste que representa a principal porta de acesso às universidades americanas.

O diretor do SAT, Steve Kotten, destacou a importância de políticas de segurança para garantir o êxito da aplicação. ` Se não fizermos isso, vamos comprometer a integridade do exame e seremos cobrados pelas universidades. Há um nível de confiança entre nós.`

O SAT foi abalado recentemente por um escândalo envolvendo estudantes que falsificavam a identidade para fazer a prova em nome de outras pessoas, o que obrigou as autoridades a reforçarem as medidas de segurança. `As consequências são muito importantes`, defendeu Kotten, lembrando que em muitos casos foi necessária a ajuda da polícia para encontrar os responsáveis.

Questionado sobre o número de questões no banco do SAT, o diretor respondeu: `Não sei. E, mesmo que se soubesse, não te diria`. Em junho, o MEC classificou como `reservada` a informação sobre o número de itens do Banco Nacional de Itens, espécie de armazém de questões dos exames realizados pelo Inep.

Segundo Kotten, cerca de 3% das redações do SAT são submetidas a um terceiro corretor - no último Enem, o índice foi de aproximadamente 10%, segundo o Inep. No exame americano, as notas são dadas numa escala de a 1 a 6 - discrepância superior a 1 ponto leva a redação ao terceiro corretor, que dá a nota final.

 

RAFAEL MORAES MOURA / BRASÍLIA - O Estado de São Paulo - São Paulo, SP