Presidente do Inep critica cobertura da imprensa do Enem por escolas
15/09/2011
Malvina Tuttman leu nota
contra ranqueamento das escolas e discorda de termos
como 'boa' e 'ruim' para qualificar escolas
Mariana Mandelli A presidente do Instituto Nacional
de Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, criticou a cobertura feita pela imprensa dos dados
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por escola, divulgados nesta semana.
Além disso, Malvina rebateu críticas ao órgão e afirmou que a não divulgação
dos microdados das avaliações não impede a implementação de políticas públicas na educação. A
declaração foi feita durante uma mesa de debates sobre a avaliação durante o
congresso internacional "Educação: uma Agenda Urgente", promovido
pelo Movimento Todos pela Educação.
"Quando nós escutamos que os resultados demoram a chegar e que as interpretações que a mídia dá aos resultados é porque nós
não fizemos as análises necessárias, eu me pergunto: nós quem? Não estou aqui
justificando o Inep, que tem pesquisadores de
altíssima qualidade", disse. Ela ainda afirmou que falta a participação
dos pesquisadores e das universidades para trabalhar os dados das avaliações.
"Temos que deixar de responsabilizar e ficar de braços cruzados. Que País
é esse que nós queremos?", afirmou. "Nós já temos muitos dados. Não
precisamos ficar esperando os microdados. Estão
parados porque não tem microdados? E os que já temos?
O que estamos fazendo com eles? Vamos usá-los - podem não ser os mais atuais,
mas não são tão diferentes de um ano para o outro", afirmou.
Os microdados da Prova Brasil 2009, por exemplo,
ainda não foram divulgados. Os últimos disponíveis são de 2007. A avaliação,
que é realizada de dois em dois anos, ocorre novamente no fim deste ano.
Malvina ainda leu uma nota, atribuída aos técnicos do Inep,
que critica o ranqueamento dos colégios por meio do
desempenho no Enem. "A utilização de adjetivos para qualificar as escolas,
como ruim ou boa, não demonstra o devido reconhecimento ao empenho de milhões
de estudantes, profissionais da educação, familiares e demais setores da
sociedade na busca de uma escola de qualidade para todos", dizia a nota.
Segundo ela, os alunos e as escolas "podem muito mais do que demonstram
as avaliações, por mais qualificadas que sejam elas". "Não
gosto dos rankings porque acabam fortalecendo coisas que não são verdade, como
é o caso do Enem", disse ela, que declarou também só saber quem é o
primeiro lugar da lista porque leu nos jornais. "Não existe ser humano que
pode ser classificado por uma prova - isso não existe."
Malvina negou que o Inep tenha dificultado a
divulgação dos dados do Enem, que neste ano, pela primeira vez, foram
publicados por faixa de participação. "Foi um avanço importante do Inep neste momento e mostramos que há uma diferença. Mas
não é tudo: ainda é algo inicial e incipiente", declarou. Enem 2011 -
Sobre a edição deste ano do exame, que ocorre nos dias 22 e 23 de outubro,
Malvina apenas declarou que o planejamento está dentro do prazo necessário.
"Está tudo dentro do esperado. A mensagem é de tranquilidade:
os participantes devem se preocupar com aquilo que é da competência deles:
preparem-se, estudem e acreditem no seu potencial", disse. A repórter
viajou a convite do Todos Pela Educação.
O Estado de São Paulo