Presidente
do CNE defende mais autonomia para escolas públicas
08 de agosto de 2012
Há
pouco mais de um mês na presidência do Conselho Nacional de Educação (CNE),
José Fernandes Lima diz que as escolas públicas precisam conhecer e debater as
diretrizes nacionais para o ensino médio, aprovadas em janeiro deste ano. “As
diretrizes devem provocar a reação da escola”, diz ele, convencido de que a
transformação da etapa final da educação básica no Brasil só se dará a partir
de projetos político-pedagógicos criados pelas
escolas públicas.
“A
educação se faz na escola, na sala de aula, na relação do aluno com o
professor. Não adianta a gente imaginar que essa transformação vai ocorrer por
meio de uma lei”, afirmou José Fernandes, em entrevista à Rede de Comunicadores
da Educação. “Não dá para se fazer no Brasil uma receita única, rígida, que se
aplica a todas as escolas e regiões. Temos de dar sinalizações,
direcionamentos, e apostar no compromisso e na capacidade dos professores e das
escolas”, acrescenta.
Esse
papel norteador, esclarece, é das diretrizes curriculares nacionais para o
ensino médio. “A legislação dá autonomia para as escolas criarem seus projetos
pedagógicos, mas, muitas vezes, elas não se sentem à vontade para essas
mudanças ou não têm informações suficientes. As diretrizes devem provocar esse
debate para que as escolas assumam o compromisso de melhorar a educação”, diz.
O Ministério da Educação envia ainda este ano as diretrizes para todas as
escolas públicas.
Segundo
o presidente do CNE, as diretrizes dão identidade ao ensino médio e destacam
três eixos que devem ser trabalhados simultaneamente no ensino médio: a preparação para a continuidade
dos estudos, a educação básica para o trabalho e conteúdos para o exercício da
cidadania. “A escola deve dar conta dos conhecimentos científicos, mas as
diretrizes deixam claro que não são únicos. É preciso tratar da relação entre
as pessoas e com o meio ambiente”, explica. Por isso, a importância da formação
continuada dos professores para a atualização de conteúdos.
Para
Fernandes Lima, o ensino médio no Brasil traz muitos desafios, como o grande número de conteúdos que
acabam por engessar o currículo e inibir a capacidade criativa da escola. Nesse
sentido, ele entende que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um
direcionador, ao exigir mais raciocínio e menos memorização. “Os vestibulares sempre
tiveram o objetivo de reprovar, o que obriga os alunos do ensino médio a
estudar excesso de detalhes. Isso não é importante para a vida do estudante.
Ele precisa aprender a gostar de estudar, a buscar o conhecimento.”
Rovênia
Amorim
Palavras-chave:
educação básica, ensino médio, Enem, CNE
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