Presidente da WorldSkills diz que ensino
profissionalizante enfrenta preconceito
06/10/201
Na Suíça, 80% dos jovens não vão para universidades,
afirma Tjerk Dusseldorp
Mariana Mandelli - Enviada especial LONDRES - Tjerk Dusseldorp, presidente da WorldSkills, evento mundial de
ensino profissionalizante que nesta edição reúne 51 países, afirma que existe
preconceito com essa modalidade de ensino por parte da sociedade. Segundo ele,
parte desse problema se deve à opinião dos pais, que pensam que é melhor para
os filhos irem para a universidade, mesmo com dívidas e tendo que trabalhar
para pagar o curso.“Não quero dizer que o jovem não
tem que pensar em fazer um curso superior - ele pode começar desenvolvendo
algumas habilidades com um aprendizado mais técnico para ganhar dinheiro e,
depois, continuar estudando”, explica.
“A Suíça, que é uma referência no tema, 80% dos jovens não vão para
universidades, mas sim para cursos superiores de educação profissional em
instituições locais”, afirma. De acordo com Dusseldorp,
as famíliam acham que colocar o filho em um curso
técnico significa que eles vão estagnar profissionalmente, ganhar pouco e nunca
vão usar terno e gravata. “Nada impede isso”, opina. Crise. Ele destaca a situação
da Espanha, que, por conta da atual crise econômica, tem, de acordo com ele,
40% de seus jovens desempregados. “Grande parte deles tem uma formação superior
tradicional e procura trabalho em empresas, enquanto faltam profissionais que
façam serviços de eletricista na cada das pessoas.”
Segundo Dusseldorp, a relação entre o desenvolvimento
das habilidades profissionais da população e a economia de um país são muito
fortes. “Sem habilidades não há economia. Quanto mais (habilidades) um país tiver, maior será sua economia”, afirma Dusseldorp.
“Por exemplo: Suíça, Alemanha, Coreia e Japão são
países com recursos naturais limitados, mas que possuem uma população talentosa
com grandes habilidades profissionais. Agora veja a Austrália: país grande,
muitos recursos naturais e boa capacidade profissional. Mas, se você tirar os
recursos naturais, ela se torna uma economiam muito
mais pobre.” Para Dusseldorp, o Brasil, que tem um
grande território e abundantes recursos naturais, ainda está desenvolvendo suas
capacidades profissionalizantes. “O futuro aponta para uma economia mais
próspera e é por isso que o Brasil, aqui na competição, está entre os cinco
melhores. Logo estará na frente da Coreia.” A
repórter viajou a convite do Senai/CNI
O Estado de São Paulo