Por causa de Enem e de greve, MG vai
contratar 3.000 professores para dar aula ao 3º ano
09/08/2011
Rayder Bragon especial para
UOL Educação em Belo Horizonte Em razão de greve parcial em escolas estaduais
do ensino médio, a secretária de Educação de Minas Gerais, Ana Lúcia Gazzola, anunciou, nesta terça-feira (9), que o governo
mineiro vai contratar aproximadamente 3.000 professores em regime de urgência.
Esses profissionais serão responsáveis por repor aulas a alunos do 3º ano do
ensino médio que farão o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nos dias 22 e 23
de outubro. Segundo a secretária, as contratações foram autorizadas a partir de
hoje, por meio de decreto no Diário Oficial do Estado, e os profissionais
ficarão no cargo até o fim do ano letivo. De acordo com ela, as aulas serão
dadas em dias da semana, distintos do horário de aulas normais dos estudantes,
e também aos sábados. “São professores com licenciatura plena”, disse Gazzola em alusão aos profissionais que serão chamados. Ela
também afirmou que poderão ser convocados os que estão regularmente dando
aulas. “Como vocês sabem, o professor pode ter mais de um contrato”, disse
referindo-se à carga horária de 24 horas semanais que vigora no Estado.
Preocupação com vestibular - “Há um tipo de dano que é completamente
irreparável. No nosso caso, o dano para os nossos alunos do 3º ano do ensino
médio. Porque esses alunos terão de fazer o Enem, em outubro”, disse. Caso os
professores que estão de braços cruzados desde o início de junho desse ano resolvam retornar ao trabalho, a secretária afirmou que os
docentes contratados serão utilizados em funções acessórias ou em aulas de
reforço. Segundo ela, o impacto na folha de pagamento do governo não “é
relevante” neste momento. Gazzola destacou a
importância do Enem ao ressaltar que 31% das vagas do último vestibular da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais) foram ocupadas por alunos oriundos do
ensino público do Estado.
“Quando terminar a paralisação nas escolas, a gente procede a
reposição aos demais”, afirmou, frisando que não há possibilidade de os demais
alunos perderem o ano letivo. A secretária adiantou que não tem o número de
alunos afetados pela paralisação. “Nós temos 750 mil alunos no ensino médio.
Menos de um terço estariam no 3º ano. Nós temos 2.148
escolas com o ensino médio, mas apenas 350 escolas estão sendo afetadas pela
paralisação”, afirmou. Com relação às negociações com o movimento grevista, a
secretária salientou que as negociações não cessaram, por parte do governo, mas
adiantou que os dias parados serão cortados. Greve de professores - Professores
da rede pública estadual de Minas Gerais e o governo não se entendem e greve
iniciada no início de junho deste ano por parcela do corpo docente ainda não
tem previsão para ser encerrada. O imbróglio está no entendimento que os
envolvidos (professores e governo estadual) têm da aplicação da lei sobre os
salários da categoria. O Sind-UTE/MG (Sindicato Único
dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) reivindica pagamento de piso
salarial de R$1.597,87 para jornada de 24 horas semanais. O valor se baseia em
cálculo defendido pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores de
Educação).
Já o MEC (Ministério da Educação) fixou em R$ 1.187,97 o piso salarial nacional
que deverá ser pago para uma jornada de 40 horas semanais. O valor é visto como
“defasado” pelo sindicato que representa a categoria. A administração do
governador tucano Antônio Anastasia, por meio da
Secretaria de Estado de Educação, afirma remunerar os professores acima do piso
nacional estabelecido pelo MEC. De acordo com o órgão, para a jornada de 24
horas semanais, o governo paga R$ 1.122 aos profissionais com nível médio de
escolaridade, desde janeiro deste ano. O governo estadual criou o denominado
“subsídio”, que incorporou as gratificações, abonos e vantagens do profissional
em uma parcela única.
UOL Educação