Pesquisadores
querem mais recursos
09/08/2007 16:32
Florianópolis — Mais de 400
trabalhos de pesquisas científicas de alunos e professores estão sendo
apresentados na 1ª Jornada da Produção Científica da Educação Profissional e
Tecnológica da Região Sul, que ocorre em Florianópolis, até sexta-feira, 10.
Provenientes de dez estados, os trabalhos mostram o potencial da rede federal e
sua contribuição para a inovação tecnológica e o desenvolvimento sustentável do
país.
A pesquisa realizada pelo professor Fernando Hermes Passig, da coordenação
ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, é exemplo da
dificuldade para desenvolver estudos. Sem financiamento, Hermes Passig e seus
alunos trabalharam na quantificação do lodo gerado na Estação de Tratamento de
Água (ETA) de Campo Mourão, no Paraná.
O problema é que a estação de tratamento não destina corretamente os
resíduos, que muitas vezes retornam ao rio com sulfato de alumínio, que é um
coagulante usado na limpeza da água. Hermes explica que essa prática é comum em
cerca de 90% das estações do país e pode gerar danos à saúde, porque o acúmulo
de alumínio no organismo é associado às fraturas por osteoporose e doenças como
Alzheimer, Parkinson, hiperatividade e dificuldade de aprendizado nas crianças.
“Estamos desenvolvendo o estudo por iniciativa própria, não conseguimos
recursos”, diz Passig. A situação dos resíduos é tão grave, que o Ministério
Público obrigou a Companhia de Saneamento do Paraná (Senapar) a assinar um
termo de ajustamento de conduta.
Visibilidade — De acordo com Moisés
Domingos Sobrinho, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Programas
Especiais da Setec, as agências de fomento precisam conhecer e levar em conta
as particularidades da prática da pesquisa no âmbito da rede federal, a fim
estimular sua ampliação e fortalecimento. “Essas jornadas são importantes para
dar visibilidade ao que se produz no interior da rede e mostrar a contribuição
que ela pode dar para o desenvolvimento tecnológico do país, particularmente no
que diz respeito à inovação”, avalia. O desafio, segundo professores, alunos e
diretores das instituições federais, é garantir a ampliação dos investimentos.
Tema que foi debatido na mesa-redonda Desafios e Perspectivas da Educação
Profissional.
Criado em 2006, o Programa de Bolsas de Iniciação Científica
A Setec está fazendo um diagnóstico das condições da prática da pesquisa
desenvolvida na rede federal, com o objetivo de traçar o perfil das necessidades
dos pesquisadores e instituições. A intenção, segundo Moisés Domingos, é
conhecer as demandas específicas e abrir diálogo com as agências de
financiamento, outros ministérios e organismos afins. “Com quase 100 anos de
existência, o ensino profissional no Brasil acumulou conhecimento, tanto na
área de formação quanto na de pesquisa, agora precisamos fortalecer e
sedimentar a cultura científica na rede”, ressalta.
Stela Rosa