Para
quem já saiu do colégio, experiência conta a favor no Enem
25/10/2011
Formação anterior ou
bagagem cultural é usada na prova. Novo Enem assusta pela quantidade de textos
Marina Morena Costa, iG São
Paulo
Antes de prestar o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último fim de semana, o iG entrevistou candidatos de
diferentes gerações e relatou suas expectativas e temores. Passada a maratona
de nove horas e meia de prova em dois dias, o pequeno grupo do universo de
quase quatro milhões que compareceram ao exame mostra que a prova não é um
bicho-papão, nem para quem deixou a escola há vários anos e nunca tinha
prestado o novo Enem. Mas exige resistência e muita concentração. A formação em
engenharia, somada a sete meses de cursinho, ajudou Edson Makoto
Miyagasako, de 30 anos, na hora da prova. Ele acertou
82 das 90 questões das provas de Linguagens e Matemática e foi bem também em
Ciências Humanas e da Natureza, com 73 acertos. “Tinha receio da tão falada
interdisciplinaridade do Enem, mas não tive dificuldade com isso”, diz. A
historiadora Daniela Chahin Barauna,
de 25 anos, também se destacou na prova com questões de sua área, as de
Linguagens e Ciências Humanas. Como já previa, teve dificuldade para escrever
uma redação em 30 linhas. “Depois de cinco anos de História é uma tortura
escrever tão pouco”, avalia a candidata que pretende ingressar em Historia da
Arte, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
para completar sua formação e trabalhar em uma área que combine as duas
graduações.
Daniela avalia que
deixou a desejar em Matemática e Ciências da Natureza, mas acredita que poderia
ter ido melhor se tivesse mais tempo. “Depois da
prova, olhando friamente, vi que as questões eram fáceis de serem resolvidas,
mas eu não tive tempo, priorizei a redação e as questões que tinha certeza”,
conta.
A estratégia de garantir as questões da área de seu maior conhecimento foi
seguida também por Maria Aparecida Baptista, auxiliar de cobrança de 53 anos,
que pretende ingressar em um curso de Psicologia ou Enfermagem. Ela priorizou
as questões de linguagens, a redação e “chutou bastante” em matemática. “Tinha
questões na prova de português sobre poemas e canções antigas, que eram muito
próximas a mim, como uma sobre as rimas de Noel Rosa. Acho que a linguagem que
ele usa, mais rebuscada, não é de conhecimento dos jovens”, comenta.
Concentração - Marina Ramos, de 17 anos, que se forma este ano no colégio Bandeirantes, não conseguiu se concentrar durante o
Enem. Elementos externos, como fiscais conversando, a cadeira desconfortável e
carros passando com som alto, atrapalharam a
estudante. “A prova é muito chata, não tive paciência. Não vou me abalar por
isso, porque o Enem é um teste de resistência, não prova que eu não sei.” Para
Edson, a concentração foi o fator de maior dificuldade do Enem. Qualquer
barulho atrapalhava, relata. “Não imaginava que a prova tivesse esse nível de
desgaste. São muitos textos, é cansativo e chega a dar vontade de desistir. A
prova poderia ter outro foco”, avalia. Por motivos de saúde, a candidata Marisa
Zavaski, de 45 anos, que prestaria o Enem após
concluir o ensino médio no ano passado pela Educação de Jovens e Adultos (EJA),
engrossou o índice de abstenção. Ela se sentiu mal e não pode comparecer à
prova. Em janeiro, quando os resultados do Enem forem divulgados, os candidatos
vão contar novamente para o iG
como foi o desempenho e o que pretendem fazer com nota.
IG Educação