Os fantasmas do
Enem
22/09/2011
Temor com relação à segurança e às greves nos
Correios e em redes estaduais de ensino aterroriza inscritos
no Exame Nacional do Ensino Médio, marcado para daqui a um mês Paula Filizola O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda
convive com fantasmas do passado e problemas do presente. As falhas nas edições
de 2009 e de 2010, marcadas pelo roubo das provas e erros nos cadernos de
resposta, ainda preocupam especialistas e candidatos, apesar do esforço do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pela seleção, em afirmar que
haverá êxito na logística do exame. A presidente da entidade, Malvina Tuttman, afirma que todas as medidas necessárias foram
tomadas para possibilitar que o candidato foque, neste momento, apenas nos
estudos. Ainda assim, há outros tormentos, como a greve dos Correios, que pode
atrapalhar a entrega dos cartões de confirmação; e as paralisações nas redes
estaduais de ensino de Minas Gerais, do Ceará e do Maranhão.
Com o intuito de garantir a segurança, o Inep
contratou os serviços do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro) e da empresa de gestão de riscos Módulo, com
atuações nas eleições presidenciais do ano passado. De acordo com o
coordenador-geral de Acreditação do Inmetro, Marcos
Aurélio Lima, a empresa treinou 10 funcionários, que acompanharam as etapas de
impressão dos cadernos, o manuseio e o transporte das provas até o 4º Batalhão
de Infantaria Leve do Exército, em São Paulo. Todas essas etapas da atual
edição do exame já foram concluídas. “Nosso trabalho foi finalizado com
sucesso. A ideia é monitorar potenciais erros para
que a chance de falha seja a menor possível”, diz Marcos. A
Módulo cuidará agora de funções como a distribuição das provas pelo
país.
CUIDADOS Para a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Márcia Sigrist Malavasi, as medidas adotadas são um bom sinal, mas
ela reforça que é preciso redobrar a atenção devido à dimensão do exame. “Uma
prova dessa ordem requer muitos cuidados, como o treinamento dos funcionários,
além do sigilo. Por causa das falhas anteriores, a responsabilidade do poder
público é muito maior e eles precisam saber disso”, analisa. Diretor pedagógico
do colégio Galois, em Brasília, Marcelo Lafneaux tenta fazer com que a tensão não comprometa a reta
final de estudo. “A pressão psicológica no rendimento do candidato é
considerável. Mas eu friso para que os meus alunos não fiquem ressabiados com
isso, pois, no fim, são eles que saem perdendo.”
A prova deste ano terá 6.221.697 candidatos e será aplicada simultaneamente em
1.599 municípios. De acordo com Malvina, o Enem conta com uma equipe de mais de
400 mil pessoas, incluindo funcionários das Forças Armadas, das secretarias
estaduais de Segurança Pública e dos Correios. A aplicação e a correção do
exame ficarão novamente a cargo do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), ligado à Universidade de Brasília (UnB), e da
Fundação Cesgranrio. “A dinâmica está mais segura e se
vale de ferramentas com alta tecnologia”, garante a presidente do Inep.
MEC sem ensino superior - A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou
ontem um projeto que limita a atuação do Ministério da Educação. Ele ficaria a
cargo somente da educação básica, ou seja, todas as universidades federais e
normas relativas ao ensino superior passariam a ficar sob responsabilidade do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto ainda precisa passar
pelas comissões de Educação, Cultura e Esporte e de Constituição, Justiça e
Cidadania. Caso seja aprovado, o texto segue para a votação na Câmara dos
Deputados. O autor do projeto é o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Para ele,
a mudança tira o peso do Ministério da Educação de cuidar do ensino superior. A
forma é aplicada em outros países, como Portugal, França, Reino Unido e
Venezuela.
Estado de Minas