Os desafios da educação nos municípios

02/03/2009

Vêm de Água Boa e Itaúba (MT), Posse (GO), Urbano Santos (MA) e Alvorada do Gurguéia (PI) cinco dos 905 secretários municipais de educação que chegam a Brasília nesta segunda-feira, 2, para conhecer e tirar dúvidas sobre os principais programas do Ministério da Educação para a educação básica. O encontro reúne os secretários de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí e Maranhão.

Os primeiros secretários municipais que chegaram esta tarde à Brasília trouxeram três preocupações comuns: a ansiedade por conhecer detalhes dos programas, ter um espaço para tirar dúvidas, especialmente sobre financiamento de ações, e abrir um canal de comunicação direto da secretaria com os órgãos do ministério.

É fácil entender porque os secretários de educação que assumiram mandatos em 1º de janeiro trazem essas preocupações. Pedro Neto Rodrigues de Sousa, secretário de Alvorada do Gurguéia, no Piauí, por exemplo, tem duas escolas com laboratórios de informática, mas nenhum funciona. Na escola urbana, o laboratório está montado, mas como não tem internet, Pedro não sabe se alunos, professores e a comunidade podem usar os computadores. E na escola rural, os computadores ainda estão dentro das caixas. Ninguém foi montar o laboratório. “O que fazer nesses casos?”, é a pergunta que o secretário fará aos responsáveis pelo Proinfo.

Alvorada do Gurguéia tem cerca de cinco mil habitantes, 1.400 alunos no ensino fundamental, sete escolas rurais, uma escola urbana e uma creche urbana, 108 professores, sendo que 97% deles com graduação. O principal problema percebido pelo secretário é a evasão e a repetência.

Ônibus escolares precários e perigosos, escolas sem bibliotecas e quadras esportivas, crianças comendo a merenda escolar nos corredores é o quadro que trouxe a secretária Arlete Catarina Dambros, do município de Itaúba, norte de Mato Grosso. A situação precária da rede, segundo Arlete, se deve ao descaso da administração anterior com a educação. A prefeitura não fez projetos para captar recursos do estado e da União e também não assinou convênios. Agora em Brasília, Arlete quer esclarecimentos sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR), como fazer o diagnóstico e como planejar os próximos quatro anos.

Itaúba tem uma creche, uma escola de educação infantil, uma escola de ensino fundamental e de educação de jovens e adultos e duas escolas rurais, com 1.300 alunos.

Para o secretário municipal de educação de Água Boa, em Mato Grosso, Edílson Pedro Spenthof, o desafio é atender os estudantes do campo. Com o programa do governo federal Luz para Todos, o fluxo de migração inverteu-se da cidade para a área rural. A luz, explica Edílson, trouxe conforto e viabilidade para a atividade nas pequenas propriedades, daí o retorno ao campo. Ampliar e construir escolas e melhorar o transporte escolar são as preocupações de Edílson neste começo de gestão.

 

Em Urbano Santos, município do Maranhão, o descaso com a educação também pesa no cotidiano da secretária Raimunda Nonata Caldas Oliveira. Ela teve que transferir o início do ano letivo para abril porque a rede está sucateada, especialmente no campo, onde a escola é um barracão de uma sala e um depósito para colocar a merenda escolar e carteiras quebradas. E estão no campo 55 das 68 escolas do município. Até abril, explica Raimunda, o município está fazendo um mutirão para melhorar a infra-estrutura escolar para receber professores e alunos.

Outro problema que preocupa Raimunda Oliveira é a migração dos alunos para a cidade. Vários pais, explica, vendo que a escola rural é muito ruim, trazem os filhos para estudar na cidade, mas como não podem ficar com eles, deixam os jovens. Essa realidade aumentou a prostituição juvenil e o uso de drogas. A pobreza é outra característica das famílias. Segundo a secretária, grande parte delas se sustenta com recursos de programas sociais do governo federal, entre eles, o Bolsa-Família.

Urbano Santos tem 17 mil habitantes, 68 escolas de ensino fundamental. O município já tem o PAR, mas não firmou convênios e nem desenvolveu as ações e programas previstos.

Aprender tudo. É isso que quer a secretária de Posse, em Goiás, Alda Marques Souza Martins. Embora com uma equipe de professores onde mais de 90% têm graduação e piso salarial definidos para 20 horas semanais (R$ 600), 30 horas (R$ 800) e 40 horas (R$ 1.200), Alda tem apenas duas escolas com laboratórios de informática.

A rede de Posse tem cerca de três mil alunos, 24 escolas de ensino fundamental, das quais 18 estão na área rural. O transporte escolar é uma das ações que vai entrar nas prioridades do município no Plano de Ações Articuladas.

Programa – As atividades dos secretários municipais de educação começam às 8h30 desta terça-feira, 3. Das 8h30 às 10h, eles vão conhecer os programas do Ministério da Educação contidos no computador portátil e aprender como usá-lo; das 10h30 às 12h30 será apresentado o Plano de Ações Articuladas; das 14h às 16h, os programas Brasil Alfabetizado, Mais Educação e Educação no Campo; das 16h às 17h30, a formação dos profissionais da educação; e a partir das 18h, o Proinfo e o Portal do Professor. O encontro continua com outras atividades até sexta-feira, 6.

Ionice Lorenzoni

Palavras-chave: desafios, educaçao nos municípios

 

Fonte:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12173:os-desafios-da-educacao-nos-municipios&catid=211&Itemid=86