Oferta, desafios e
qualidade do ensino médio foram temas do último dia de debates
04/09/2008 18:23:50
Buenos Aires – Entre os 34 milhões de jovens, de 15 a 24 anos, dez milhões estão em idade correspondente à esperada para se cursar o ensino médio – 15 a 17 anos. Mas nem todos estão matriculados nesta etapa de ensino, que atende 8,9 milhões de pessoas. A idade dos alunos, muitas vezes, ultrapassa os 17 anos esperados para os concluintes. Apenas 44% dos matriculados no ensino médio têm idade adequada à sua série.
O panorama da oferta do ensino médio, os desafios que esta etapa de ensino precisa superar e propostas para melhorar a qualidade do ensino foram apresentados pelo coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões, nesta quinta-feira, 4, durante o último dia de debates do Seminário Internacional Ensino Médio – Direito, Inclusão e Desenvolvimento, em Buenos Aires.
Artexes mostrou que outra grande parte dos jovens está fora da escola, por ter de procurar trabalho ou já estar trabalhando. Dos 34 milhões de jovens, 18 milhões trabalham. A maioria não tem carteira assinada e ganha menos de um salário mínimo por mês.
“Precisamos universalizar o atendimento e garantir a permanência dos jovens entre 15 e 17 anos”, disse Artexes. O Brasil, como revelam os dados, busca respostas para desafios já superados pelo Chile e Argentina. Nestes países, o ensino médio é obrigatório e a maioria dos jovens têm acesso a esta etapa da educação.
“Perdemos 50% dos jovens durante o ensino médio, da entrada para a saída”, afirmou Artexes, em referência a dados de 2006, em que 1,8 milhão de jovens concluíram esta etapa, contra 3,8 milhões que haviam ingressado três anos antes.
De outro lado, segundo o coordenador, o país está tomando medidas para ampliar o acesso e a permanência dos jovens no ensino médio com resultado positivo comprovado. Os dados também mostram que, em dois anos, o número de matrículas deu um salto de mais de um milhão. Em 2006, 4,7 milhões de alunos ingressaram no ensino médio; em 2007, foram seis milhões.
Entre as ações do governo federal que influenciaram no resultado, Artexes destacou o Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb) que financia toda a educação básica e não apenas o ensino fundamental, além do ensino médio integrado, em que o jovem recebe formação regular articulada à profissional. Em relação às novas ações, destacou a ampliação de benefícios como o bolsa-família para alunos de 16 e 17 anos e a destinação de livros didáticos também para esta faixa de estudantes das escolas públicas.
Entre as propostas para melhorar a qualidade do ensino médio, levando-se em conta o cenário em que se encontra o jovem brasileiro, o coordenador acredita ser imprescindível redefinir o papel da educação e do trabalho. Para ele, hoje tem-se a idéia de que a educação deve se adequar ao mundo do trabalho, que por sua vez não é visto em sua dimensão humana. “A educação deve ter a tarefa de formação integral do ser humano como sujeito, cidadão e trabalhador e não simplesmente como uma formação que se adapte à realidade”, destacou. Artexes também se preocupa com a atual visão do trabalho. Na opinião dele, é preciso relembrar que a organização do trabalho é feita por seres humanos educados nas escolas e que o trabalho também é lugar de aprendizado.
Maria Clara Machado
Fonte:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=11201