> Revista Gestão Universitária - Edição 120
O docente da educação profissional
Jurandir dos Santos
Atualmente, o novo panorama mundial requer uma educação profissional diferenciada e, conseqüentemente, do professor desse tipo de educação são exigidos determinados perfil e habilidades que lhe confiram as competências para atuar com os seus alunos. No entanto, considero importante lembrar que antes de tudo, educação profissional é educação e como tal, apresenta pontos em comum entre os docentes da Educação Profissional e os da Educação Básica que são: dirigir situações de aprendizagens; acompanhar e estimular a progressão da aprendizagem de seus alunos; administrar a heterogeneidade e a diversidade, pois não existe aluno padrão, aluno médio; ampliar o espaço educativo para além da sala de aula; utilizar metodologias, estratégias de ensino e materiais de apoio à aprendizagem que conduzam seus alunos ao desenvolvimento da própria capacidade de aprendizagem, com crescentes graus de autonomia intelectual; desenvolver hábitos de colaboração e saber trabalhar em equipe, pois o trabalho educacional é essencialmente interdisciplinar; participar da concepção, elaboração, execução, avaliação e replanejamento da proposta pedagógica da sua instituição de ensino e cuidar da sua própria formação pessoal e profissional.
No que se refere às especificidades da Educação Profissional, o professor não está lidando com crianças. Está trabalhando com jovens e adultos. São pessoas que já trazem na bagagem uma série de saberes, em termos de conhecimentos, fazeres, habilidades, atitudes e valores e querem desenvolvê-los. Os alunos procuram desenvolver competências profissionais que os conduzam a um desempenho profissional competente, seja adquirindo um novo emprego, desenvolvendo uma nova atividade, progredindo em sua atividade profissional, conseguindo promoção ou algo similar. O aluno da educação profissional não quer apenas aprender a fazer. Ele quer saber por que está fazendo dessa maneira e não de outra. E quer saber os fundamentos científicos e tecnológicos do seu fazer, para que ele possa, antes de um novo desafio profissional ou diante de uma dificuldade, escolher o caminho a trilhar, buscar intencionalmente o que fazer para resolver o problema e demonstrar competência profissional, com maior grau possível de autonomia.
É essencial, portanto, que o docente tenha boa experiência profissional, seja competente naquilo que faz e sabe fazer e tenha intencionalidade nisso, o que exige desse professor permanente atualização para que tenha condições de estimular e motivar os seus alunos para a necessidade de contínuo aprendizado. É importante desenvolver a capacidade de aprendizagem, pois, motivar e promover esse desenvolvimento são uma das suas tarefas. Na educação profissional, a função do professor acaba por agregar duas necessidades fundamentais: de conhecimento específico da profissão na área técnica em que atua e de saberes pedagógicos básicos da profissão docente, ou seja, além de se ater às questões didático-pedagógicas, deve conhecer os saberes técnicos referentes às profissões que vai desenvolver junto com os seus alunos. O papel formativo da escola ao preparar os alunos para o mundo do trabalho inclui a especialização e a preparação para o mercado do trabalho, mas não podemos esquecer a formação do indivíduo para, através da cidadania, exercer os seus direitos e os seus deveres. Hoje a educação, já superou a simples tarefa de ensinar e aprender a ler e a escrever. O grande desafio agora é o de desenvolver competências que proporcionem aos alunos, sentimentos de cidadania, de apreço aos ideais coletivos, de homem revolucionário, capaz de perceber e de buscar soluções para os problemas da sua época, preparado, portanto, para o mundo do trabalho. E para que esses alunos sejam realmente transformadores da sua realidade, é inevitável o papel ativo do docente de propiciar visão mais aberta de mundo, de envolvê-los nos problemas sociais da sua época e das possibilidades de crescer e se desenvolver e de acreditar nas suas potencialidades. Por fim, lembrar que nós, educadores, lidamos com os sonhos dos nossos alunos: sonhos de aceitação e de reconhecimento, sonhos de um futuro e de um mundo melhor, de uma sociedade mais digna, mais humana e mais fraterna. Inevitavelmente vamos sempre nos deparar com os limites que estão por aí, não podemos negá-los. Mas podemos nos assegurar de que esses limites existem para serem superados. Não devem ser vistos como obstáculos instransponíveis, e sim, como desafios a serem enfrentados. E o tempo do limite é o mesmo da possibilidade.