Obra retrata experiências do Proeja

08 de julho de 2011

 

Promover a participação dos alunos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (PROEJA), na construção da história de Cuiabá e Mato Grosso é o objetivo do livro Vozes Históricas Dispersas, publicado em maio deste ano pelo professor doutor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Benjamin Rodrigues Ferreira Filho.

A publicação retrata a história e a cultura da capital do Estado por meio de experiências vividas pelos estudantes do PROEJA, que cursam eletrotécnica e refrigeração no IFMT. “Falamos de momentos que marcaram a história de Cuiabá com base na visão e na vivência dos alunos. Eles são os construtores históricos e os atores principais”, destacou.

O professor conta que a idéia de escrever o livro surgiu para registrar as atividades que os alunos já faziam em sala de aula. “Nos trabalhos do curso pedimos que eles escrevessem contos sobre suas histórias de vida e fizessem suas autobiografias. Nesse material pude observar que havia vários períodos da história da cidade relados sob a ótica deles”, contou.

“Teve um estudante que escreveu sobre sua história no bairro Campo Velho. Ele citou que o bairro tem esse nome porque antigamente existia no local o primeiro campo de pouso do município. Com essa informação fiz o levantamento histórico e bibliográfico para o registro. Outro estudante falou sobre seu trabalho na usina de Manso. Com os dados citados por ele aprofundamos na história da construção da usina”, exemplificou.

Benjamin Filho cita que o livro é composto pela análise e contextualização dos fatos citados nos contos e autobiografias, além dos próprios relatos feitos pelos estudantes, em anexo, no período entre 2009 a maio de 2011, época em o professor trabalhava no Instituto de Cuiabá. Hoje ele atua em Rondonópolis.

 

Leitura

 

Mediante a análise do material produzido pelos estudantes e utilizado na publicação, o professor propõe reflexões sobre as contribuições da modalidade Proeja. Ele cita que na leitura das autobiográficas pode-se verificar que o mercado de trabalho no país não está voltado para a lógica social, e sim financeira. “Tanto que a maior parte desses alunos não teve condições de cursar a escola regular, em função do trabalho. E agora retornaram via Educação de Jovens e Adultos e PROEJA”, citou.

O locutor Edson Vieira de Abreu, 41, que é um dos personagens do Vozes Históricas Dispersas corrobora a observação do professor, ao contar que não conseguiu terminar os estudos pois teve que trabalhar muito cedo para poder ajudar a família. “Sempre fomos muito pobres. E devido ao trabalho nunca tive muito ânimo para o estudo. Naquela época a escola também não era muito atrativa”, contou.

Ele conta que retornou aos estudos porque sonha em fazer graduação de educação física para trabalhar práticas esportivas com as crianças. Dessa vez, não pretende desistir de sua formação e ressalta o trabalho desenvolvido pelo Programa da Educação Profissional de Jovens e Adultos.

“Trabalhos como o do professor Benjamim são fundamentais para nossa motivação. Fiz dois contos e a autobiografia. Neles relatei toda a minha trajetória em Cuiabá, desde quando deixei o Maranhão aos nove anos de idade com a minha família e nos mudamos pra cá”, disse.

Dentre as passagens de sua vida consta o período da infância, quando residia nas proximidades do córrego da Prainha. “Naquela época que as ruas não eram pavimentadas quando chovia a gente encontrava pequenos fragmentos de ouro nas ruas. Pudemos então discutir com essa experiência a história do surgimento da cidade, que é relacionada a mineração”, finalizou.  

 

Fonte:

http://www.seduc.mt.gov.br/conteudo.php?sid=20&cid=11264&parent=0