O incrível mercado da educação profissional

Folha Londrina, 14/06/2010 - Curitiba PR

 

 

Buscar conhecimento em cursos complementares e técnicos pode representar o melhor caminho para o mercado de trabalho. Há vagas sobrando nessas área 

Houve um tempo em que a melhor opção para conseguir um bom emprego era investir na carreira acadêmica. Ser médico, engenheiro ou advogado era o sonho de quem pretendia crescer na vida. Atualmente as chances de bons empregos estão, para muitos brasileiros, nos cursos profissionalizantes, sejam de nível complementar, médio ou superior. A chance de uma pessoa que se qualificou através da educação profissional conseguir um emprego é 48,2% maior em relação a quem fez apenas o ensino médio. Esse e outros números (veja info) foram obtidos através da pesquisa 'A Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho', realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Votorantim.

O coordenador da pesquisa, professor Marcelo Neri, do Centro de Estudos de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, acredita que a pesquisa auxiliará os jovens em suas decisões na escolha de cursos profissionalizantes, a partir de informações sobre as diversas áreas de atuação e seus impactos, tendo como base o retorno de inserção no mercado de trabalho. ''O país vive um apagão de mão de obra, no qual as empresas têm dificuldade de encontrar no mercado trabalhadores na quantidade e na qualidade desejadas'', afirma. Em Londrina essa realidade se confirma e já provoca mudanças no comportamento das pessoas.  Segundo Fabiana Paula de Oliveira, técnica de educação profissionalizante do Senac, a quantidade de alunos que procuram a instituição para se profissionalizar é grande. ''Temos inclusive alunos que já estão na fase do estágio no ensino superior. Eles encontram no curso profissionalizante a possibilidade de um aprendizado direto, onde o aluno lida com situações práticas, semelhantes as que encontrarão no mercado de trabalho'', explica.

Para ela, só não está inserido no mercado de trabalho realmente quem não tem vontade. ''Qualificação profissional existe e mercado de trabalho para quem é qualificado também. O Senac oferece essa qualificação para que as pessoas tenham uma profissão e para sanar a mão de obra qualificada que tanto falta no mercado'', argumenta. Dos cursos oferecidos pelo Senac, os da área de beleza são os que se destacam mais, como o de cabeleireiro e o de assistente de cabelereiro. A maioria dos alunos que se forma sai empregado ou monta seu próprio negócio. Cristina Tiemi Nemoto, que ficou fora do país por um período de 10 anos, está correndo atrás do prejuízo fazendo o curso de assistente para cabeleireiros.'' Quando voltei não consegui me recolocar no mercado de trabalho. Como meus familiares já estavam no ramo da beleza, resolvi investir nessa área, que é interessante''. Ela já enxergou que o país tem   muitas chances e oportunidades e irá se especializar nas áreas de corte, tinturas e penteados para conseguir uma vaga na área.

Plácido Leite, que leva entretenimento por todo o País como o Palhaço Pipoca, viu a necessidade de se aprimorar para poder interagir com seu público. Ele participa atualmente do curso de informática básica e tem levado os estudo com afinco, não faltando nas aulas e abrindo mão temporariamente dos trabalhos fora da cidade. Ele entende que o investimento de agora renderá muitos frutos no futuro. '' As crianças, a cada apresentação que eu fazia, me pediam endereço de e-mail, orkut e msn e eu não sabia nada. Não tinha como me corresponder com elas, então resolvi me qualificar mais uma vez para dar sequência ao meu trabalho''. Para ele, que tem 64 anos e já realizou vários treinamentos, o fator idade não importa nem um pouco. ''O que vale mesmo é a busca pelo aperfeiçoamento profissional. A pessoa tem que entrar na atualidade''. Com apenas um mês de curso, Plácido já se vira com o computador e dá uma dica aos pais: ''Você pai, invista em seu filho, principalmente na área da informática. Sem informatização ninguém chega a lugar nenhum. Tudo é eletrônico e digital. Incentive seu filho a ler, inscreva-o em cursos, porque quanto mais você aprende mais chance terá'', conclui. Kalinka Amorim Reportagem Local