Portal UOL Educação, 13/09/2006

Novo presidente pode alfabetizar país em quatro anos, diz educador

 

 

Um em cada dez brasileiros com mais de 10 anos de idade não sabe escrever ou apenas grafa o próprio nome. São 15,7 milhões de pessoas que poderiam ser alfabetizadas apenas em quatro anos, segundo proposta da Campanha Nacional pelo Direito à Educação - uma coalizão de 200 entidades da sociedade civil, incluindo e organizações não-governamentais (ONGs), sindicatos de trabalhadores e representantes de governos. "É possível, sim, acabar com o analfabetismo em um mandato presidencial", afirma Sérgio Haddad, coordenador da Ação Educativa, uma das organizações da campanha. "O analfabetismo é um gargalo importantíssimo que limita o exercício da cidadania de grande parcela de brasileiros", destaca.

 

Haddad reconhece que esse processo de melhora da educação é de longo prazo, já que necessita de formação de professores, investimento em material didático e mudança na metodologia de ensino. "Mas acho que um governo só pode muito bem definir os seus parâmetros e conseguir, evidentemente, fazer um caminho para alcançar esse patamar", afirmou. O educador ressaltou que os governos não vêm cumprindo as metas definidas no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001. O plano define as diretrizes para o financiamento da educação, as metas para cada nível de ensino e as diretrizes para valorização do magistério e dos demais profissionais da área. As metas definidas no documento têm duração de dez anos contados a partir da aprovação do Plano, ou seja, até 2011.

 

"O Plano Nacional de Educação apontou metas que não estão sendo seguidas", destacou. Para o coordenador, é necessário um esforço coletivo comandado pelo governo para que a educação seja priorizada no país. "É extremamente necessário que o poder público seja o capitão dessa parada", afirmou.Ele disse que hoje há essa prioridade, por exemplo, na área econômica em que o governo faz um esforço coletivo para diminuir diversos índices, como o de inflação. "Ele pode também fazer um esforço coletivo para colocar o analfabetismo abaixo de 5% e não mantê-lo em 12% ou 13%. São metas definidas que exigem esforço coletivo de maneira que possamos ter o seu cumprimento também na área social", afirmou.

 

"Quando estabelecemos metas de reduzir a taxa de desemprego em tantos pontos percentuais, podemos pensar isso também na área de educação. Vamos colocar 80% das crianças em creche, vamos superar o analfabetismo de maneira a baixar para tantos por cento em um prazo determinado. Isso sinaliza um caminho que pode e deve ser cumprido. Isso é responsabilidade da gestão pública", destacou. Na opinião de Haddad, as metas não são muito claras, o que faz com que a pressão social sobre as diretrizes seja pequena. "Imagine se, em vez de o jornal divulgar se a bolsa de valores subiu ou desceu, tivéssemos indicadores para a educação: hoje alfabetizamos tantos alunos, ainda faltam outros tantos, colocamos hoje tantos jovens nas universidades. Seria muito mais fácil para a sociedade acompanhar e cobrar", disse. Marcela Rebelo, da Agência Brasil