'Nossos
filhos estão destruídos', diz mãe de aluna que vai refazer Enem
27/10/2011
Grupo
de pais se reuniu com escola na manhã desta quinta-feira (27). Familiares estão
preocupados e dizem que alunos sofrem bullying
virtual
Cerca
de 30 pais de alunos do Colégio Christus, em
Fortaleza, reuniram-se na manhã desta quinta-feira (27) com a coordenação de
vestibular da escola, que distribuiu material de estudos com pelo menos 10
questões iguais às do Enem. “Fomos atrás de uma justificativa. Nossos filhos
estão destruídos, sofrendo bullying virtual”, diz a
advogada e pedagoga Íris Gadêlha Costa, mãe de uma
das alunas do colégio que fez a prova no último fim de semana. Desde que um
aluno de Fortaleza postou em sua página no Facebook
imagens das questões repetidas, há postagens de mensagens ofensivas contra os
estudantes do Christus nas redes sociais. A escola
informou ao G1 que “sempre esteve aberta para diálogo dos pais ''e que desde a
noite da quarta-feira (26) envia e-mails aos pais com uma nota de esclarecimento,
também publicada no site da escola.
Segundo
a mãe, o grupo de pais exigiu urgentemente da escola acompanhamento psicológico para os alunos e preparação para a nova prova do
Enem. “Muitos alunos chegaram na escola hoje de manhã
chorando. Desde domingo, eles estão sofrendo”, destaca Íris Gadêlha.
Sobre a credibilidade da escola, a mãe ressalta que os pais não tiram o mérito
da escola. “Minha filha acertou muitas questões do Enem e foi mérito dela e da
escola”, diz. Íris Gadêlha também informou que o
grupo de pais pediu uma posição pública da escola e, caso não seja feito,
poderá entrar com uma ação coletiva por danos morais. “Muitos acham que 639
alunos são poucos frente aos 4 milhões de pessoas que
fizeram a prova. Mas se você multiplicar desses 639 pela quantidade de
familiares que também estão destruídos com essa situação, o número é grande”,
destaca a mãe.
Para
a mãe, a decisão do MEC não foi a melhor. “Antes de
cancelar as provas dos alunos do Christus, o Inep poderia ter corrigido apenas as questões que estavam
iguais ao material distribuído anteriormente na escola e ter tirado o
percentual de acertos e erros dos alunos. Assim, eles veriam se os alunos foram
ou não beneficiados com isso”.
O
colégio Christus informou que o setor jurídico da
escola está tomando todas as medidas cabíveis para que os alunos não sejam
prejudicados e que todas ações estão sendo informadas
aos pais e alunos. Na noite da quarta-feira (26), o advogado do colégio Christus, de Fortaleza, afirmou ao G1 que vai requerer do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)
anulação apenas das questões que ''coincidiram'' na prova e no material da
escola, em vez de anular o exame completo dos 639 alunos que prestaram Enem. Dez
questões idênticas - O estudante ouvido pelo G1 relatou que, depois de ouvir
comentários na escola dele sobre a antecipação das questões, resolveu comparar
com a prova do Enem. “Comprovei que no material do outro colégio [Christus] havia questões idênticas as das provas de
matemática, ciências e linguagens”, afirma. Dizendo-se indignado, o candidato
tirou fotos das questões iguais e postou na internet, o que gerou repercussão
nas redes sociais.
Após
receber cerca de mil comentários no Facebook, o
estudante postou: "Gente, eu sei que é revoltante, é uma das provas mais
importantes da nossa vida. Mas cuidado com as palavras, muito aluno do colégio
recebeu isso e acertou as questões merecidamente. Vamos esperar também por um
esclarecimento da escola antes de fazer julgamentos". O G1 comparou as
questões dos quatro livretos da escola com os cadernos Azul,
da prova de ciências humanas e ciências da natureza, e Amarelo, da prova
de linguagens e matemática, do Enem. Há pelo menos 10 questões iguais e uma
similar nos materiais. Na prova de ciências da natureza, foram detectadas 5 questões idênticas às dos livretos. Em matemática e
ciências humanas, são duas questões iguais em cada um dos testes. Na prova de
linguagem, há uma questão idêntica.
Gabriela Alves Do G1 CE
Portal G1