Nordeste é prioridade do programa Brasil Alfabetizado

23/05/2007 09:40

Os municípios brasileiros com taxas de analfabetismo de jovens e adultos superiores a 35% agora constituem a prioridade do Ministério da Educação. Para atender esse objetivo, o MEC fez várias mudanças no programa Brasil Alfabetizado e definiu dois focos: a região Nordeste, onde se encontram 90% dos municípios com os mais altos índices de analfabetismo e os jovens e adultos de 15 a 29 anos.

A alfabetização de jovens e adultos será feita, prioritariamente, por professores das redes públicas municipais e estaduais que já trabalham com alfabetização de crianças. As aulas para os adultos serão no turno livre do professor — pela manhã, tarde ou noite — que ganhará uma bolsa de R$ 200,00 mensais. No mínimo, 75% do quadro de alfabetizadores será composto por professores das redes públicas.

O repasse de recursos federais para a alfabetização dobra em 2007. Para cada adulto matriculado em curso de alfabetização, o MEC repassará R$ 200,00 anuais. Em 2006, esse valor foi de R$ 100,00 por aluno/ano. O Brasil Alfabetizado tem agora quatro tipos de bolsas mensais: alfabetizador, R$ 200,00; alfabetizador que tem na sala adultos com deficiência, R$ 230,00; tradutor intérprete de Libras, R$ 200,00; e do supervisor (que vai coordenar um grupo de 15 alfabetizadores), R$ 300,00. O recurso global do programa neste ano é de R$ 315 milhões, dos quais, 80% serão transferidos aos estados e municípios, o que representa um repasse de R$ 252 milhões.

A participação do professor na alfabetização de adultos atende dois objetivos: melhorar o nível salarial da categoria, especialmente no Nordeste, onde cerca de 60% dos professores das redes públicas trabalham 20 horas semanais e têm um turno livre; e para o aluno, visando aumentar o índice de alfabetização. Para que jovens e adultos permaneçam nos cursos de alfabetização, o MEC criou três incentivos diretos: transporte escolar, merenda e óculos para aqueles que precisam.

Selos — Para incentivar a ação alfabetizadora nos municípios, o MEC também criou dois selos: Cidade Livre do Analfabetismo, que será concedido a toda cidade que alcançar 97% de alfabetização; e Cidade Alfabetizadora, para o município que, em 2010, comparado com os dados de analfabetismo de 2001, tiver reduzido a taxa em 50%.

Universidades e entidades — Para que entidades públicas e privadas sem fins lucrativos e instituições de ensino superior participem do Programa Brasil Alfabetizado, o MEC destinou 20% dos recursos anuais. Para receber as verbas, elas precisam apresentar projeto e assinar convênio. Os recursos são para a formação de alfabetizadores e de coordenadores de turmas. Terão prioridade na distribuição dos recursos públicos, as entidades que oferecerem serviços de alfabetização para uma prefeitura ou que adotem um município.

Ionice Lorenzoni